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MANAUS REFÉM DO MEDO: Por que o MP não pede afastamento do secretário de Segurança?


Por Raimundo de Holanda

07/06/2021 19h24 — em
Bastidores da Política



Anoiteceu. Manaus se encontra encolhida e refém de uma ameaça: a repetição das cenas de violência do último domingo. Pode não ocorrer nada e o pesadelo se dissipar pela manhã.

Difícil vai ser superar o trauma, restabelecer a confiança no governo do Amazonas, rendido e omisso, medroso e tímido, incapaz de reagir à altura do dano causado por uma organização criminosa que aterrorizou a cidade durante 24 horas, sem uma resposta apropriada.

Sucumbiu ao fato de que perdera legitimidade para intervir, depois que membros do  Comando Vermelho acusaram integrantes da cúpula de segurança de fazerem vista grossa ao tráfico de drogas, mediante pagamento em dinheiro e ouro.

Restava ao governador Wilson Lima ao menos o gesto, nobre, de afastar os acusados, abrir as portas do governo para uma investigação e se valer da prerrogativa de pedir ajuda  federal para conter os ataques. Pediu socorro, mas não afastou os militares acusados.

O Ministério Público Estadual entrou em cena, anunciando uma investigação, para a qual o procurador Alberto Nascimento pede a contribuição da sociedade. O caso exige mais  que isso ou terminará em uma montanha de papel cujo destino final será o arquivamento.

Uma vez que é notório que princípios da administração pública estão sendo negligenciados pela cúpula da segurança, uma ação cautelar é o instrumento adequado, com pedido de afastamento do secretário de Segurança, Coronel Bonates e de outros servidores sobre os quais pesa suspeitas de corrupção e de conluio com o crime organizado.

Isso permitirá que a investigação que o Ministério Público pretende fazer seja conduzida  com independência, sem receio de comprometimento de provas.

Taí a receita. Basta vontade.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.