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A Inteligência criminosa do governo do Amazonas


Por Raimundo de Holanda

09/07/2021 19h43 — em
Bastidores da Política



O crime que levou à prisão o secretário de Inteligência do Amazonas, delegado Samir Freire,  era premeditado e executado a partir de uma estrutura do Estado, bancada com dinheiro do contribuinte -  a SEAI . Isso implica o governo  do Amazonas como um todo.

Com a operação do Ministério Público Estadual, que prendeu o secretário de Inteligência, delegado Samir Freire, e outros quatro policiais envolvidos em roubo de ouro e extorsão, promotores e procuradores agora se debruçam sobre um cadáver e a capacidade  de ele se decompor tão rapidamente: o do governo do Amazonas.

O tipo de decomposição é moral, com fortes indícios de que a Organização Criminosa que utilizava a estrutura mais sensível do Estado - a de Inteligência - tem uma arquitetura sólida e outros comandos.

É essa estrutura de poder (e seus desvios criminosos) que está na ordem do dia do Gaeco - Grupo de Combate ao Crime Organizado, órgão do Ministério Público do Amazonas.

Exonerado no final da tarde desta sexta-feira pelo governador Wilson Lima, Samir, abandonado, pode se transformar no homem bomba,  que vai explodir esse corpo em degeneração.

A possibilidade do delegado falar, as conexões que tinha e que era, como suspeitam alguns policiais ouvidos pela coluna,  um mero executor de ordens - que é o que parece, pela  sua clara falta de articulação - já provoca  arrepios em alguns membros do governo.

A prisão de Samir, as buscas e apreensões na Secretaria de Inteligência,  são uma mostra de que o governador  Wilson Lima ou não entendia a importância da Inteligência, os riscos que dali implicavam, inclusive porque  se trata de um órgão detentor de muita informação, ligado ao Sistema Integrado de Inteligência em Segurança Pública do Amazonas e vinculado ao Sistema Brasileiro de Inteligência (Asbin), ou foi de certa forma omisso ao extremo.

Se foi conivente, é uma questão que não se pode afirmar. Mas foi, no mínimo, tolerante, negligente, displicente.

Afinal, o  crime era premeditado e executado a partir de uma estrutura do Estado, bancada com dinheiro do contribuinte -  a SEAI . Isso implica o governo  do Amazonas como um todo.

O que mais era feito dentro da Seai?  As suspeitas de que a Secretaria comandada por Samir se tornou uma fábrica de dossiês de adversários ou críticos do governo Wilson Lima e de escutas clandestinas, também são parte de uma  nova investigação que começa com a análise do material recolhido durante as buscas realizadas com apoio da Polícia Federal.

Conexões do delegado Samir Freire com outros integrantes da administração estadual começam a ser checadas. 

O caso cheira mal e seu odor contamina todo o governo. 

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.