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Grupos criminosos saem das sombras e se programam para incursões na política do Amazonas


Por Raimundo de Holanda

07/01/2022 19h16 — em
Bastidores da Política



Os grupos criminosos que dominam o tráfico de drogas no Amazonas e se apropriaram de boa parte de Manaus, já não atuam nas sombras. Agora mostram a cara. Estão mais destemidos,  agressivos e agem como predadores de instituições que devem ser garantidas ou todo o estado de direito sucumbirá.

O atentado de quinta-feira contra um carro da Polícia Civil que conduzia presos para uma audiência de custódia foi apenas mais uma incursão violenta desses grupos. Uma, entre outras que já ocorreram e tiveram respostas acanhadas, com a prisão de dois  ou três soldados rasos.

Os chefes - quais seriam os chefes ? Os que estão presos em presídios estaduais ou federais? Difícil acreditar.

Os grupos que traficam drogas não são organizados, têm estrutura precária e se expõem como moscas. Mas por que então não foram desmobilizados?

É um mistério, uma caixa de pandora onde se escondem pecados de pessoas sobre as quais não reside qualquer suspeita. Se for aberta, o Estado, como conhecemos, pode se dissolver.

O pior pode estar por vir. Relatos de pessoas ligadas às comunidades e que falam na condição de que se preserve os nomes, revelam que os criminosos não estão interessados apenas em traficar drogas. Estão de olho na politica.   

Enquanto as notícias falsas estão na ordem do dia da Justiça Eleitoral, a interferência dessas organizações na política é ignorada. Os tentáculos desses grupos na estrutura legal do Estado brasileiro já era antiga, mas em menor grau. Agora tornou-se  evidente e tolerados. Ou não seriam tão ativos e tão desafiadores. 

Como a sociedade tolera comportamentos bizarros e a internet ajuda a disseminar uma espécie de doutrina baseada no ódio, na dor e no sangue - vídeos espalhados aos montes mostram corpos sendo dilacerados e corações arrancados - esses grupos não apenas ganharam notoriedade, como têm o respeito de comunidades pobres, constantemente ameaçadas  pelo tribunal do crime. Quem não reza na cartilha do chefe, morre.

Por isso o tráfico não apenas pode influenciar em uma eleição, como parece disposto a financiar candidatos. Mas você leitor, ja viu alguém falar nisso ou interessado em expor de forma aberta o risco que isso que representa para a democracia, para a estabilidades das instituições ? Não. Porque talvez interesse que as coisas continuem como estão e até piorem…

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.