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A espantosa facilidade com que as facções criminosas atuam no Amazonas


Por Raimundo de Holanda

23/06/2022 19h39 — em
Bastidores da Política



Um grupo de homens viaja até o interior do Amazonas e filma a execução de um rival traficante. O que espanta, num Estado com mais de 1.000 homicídios/ano atribuídos as organizações criminosas – não é exatamente a crueldade como o homem foi morto, com a cabeça decepada e o corpo mutilado. Impressiona a facilidade como esses grupos agem, se deslocam, armam emboscadas, matam desafetos, compram armas, distribuem drogas, criam seus tribunais e escolhem suas batalhas.

Impressiona a estrutura que criaram, inclusive com pagamento de pensão às mulheres que tiveram seus maridos (soldados do crime) presos ou mortos em “batalha”.

Impressiona a organização, o fundo (de pensão criminoso) abastecido com dinheiro roubado ou adquirido com a venda de drogas e com celulares surrupiados do público.

E impressiona a incapacidade do Estado de avançar para além das fronteiras que essas organizações  estabeleceram, em regra, nos bairros mais pobres de Manaus, onde reside  o grosso da população e onde o poder público não chega ou chega enfraquecido ou rendido.

Se alguém perguntar de um médico ou enfermeiro que atua nas Upas ou UBS, centros de saúde localizados nos bairros de Manaus, quem manda, quem estabelece regras para consulta-atendimento, ele vai dizer que é o “comandante da área”.

O avanço dessas organizações é evidente, explícito – e não poderiam ter avançado, expandido suas atividades se não tivessem se infiltrado em Poderes do Estado, tal a facilidade com quem atuam e com que se estabelecem.

É isso, antes de tudo, que precisa ser investigado, particularmente em ano eleitoral, onde há evidente interesse na representação politica.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.