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Deodato x David: A guerra que não houve


Por Raimundo de Holanda

17/10/2017 21h39 — em
Bastidores da Política



O secretário Francisco Deodato estreiou ontem a presença do governo Amazonino Mendes no plenário da Assembleia Legislativa, sem discussão nem oposição. Chamado para explicar suposto ‘rombo’ na saúde, foi pra ‘praça de guerra’ com a bíblia do adversário David Almeida na mão.

Falou dos números que a própria equipe de transição de David lhe passara e foi conciliador prometendo responder a todas as perguntas feitas pelos deputados.

Disse que todas as situações de cooperativas e terceirizados da saúde estão sendo analisadas, e que os contratos considerados regulares serão mantidos.

David culpa a imprensa

Diante da apresentação feita pelo secretário de saúde e com o espírito menos beligerante, o próprio David Almeida cuidou de reforçar os números e as afirmações de Deodato. Ao final da sessão, quando todos se pronunciaram, David jogou para o colo da imprensa o mal estar causado pela divulgação do déficit. Para o presidente da Aleam Deodato foi mal interpretado pela imprensa ao anunciar que R$ 1,2 bilhão seria um rombo. David entende que o termo correto seria “compromissos”.

 Ferraz e as terceirizadas

Durante seu pronunciamento, o deputado Ricardo Nicolau cuidou de defender a importância da participação de empresas/cooperativas terceirizadas para reforçar os serviços de saúde. Finalizou inclusive perguntando sobre se há previsão para o pagamento das cooperativas médicas, que para o deputado não são um problema para o sistema de saúde no Amazonas, mas uma solução. Pouco tempo depois foi a vez do deputado Augusto Ferraz que, diferente de Nicolau, quer o fim da terceirização.  

De cabeça para baixo

Segundo o deputado Serafim Corrêa (PSB), o SUS  no Amazonas está “de cabeça pra baixo”, com gastos de R$ 690,00 por habitante, na contramão do Estado do Pará (288,30) e Pernambuco (509,35). Os números citados pelo parlamentar são do DataSUS.

O decano Belão

O deputado Belarmino Lins, o Belão, é conhecido na Assembleia não somente por seus sete mandatos consecutivos, mas pelas pérolas que solta em plenário nos momentos mais inesperados. E não foi diferente durante a sessão com a presença de Deodato. Ao ser chamado de decano pelo presidente da Casa, David Almeida, Belão cuidou logo de deixar claro que o termo é tão somente por causa dos vários mandatos que possui, pois o mais velho da casa seria o deputado Serafim Correa. Ninguém segurou  o riso.

O voto de Braga

Afastado dos holofotes desde que deixou o governo, o senador Eduardo Braga atraiu a atenção ontem no plenário do Senado , quando pediu a palavra para defender   o mandato de Aécio Neves.

Cascudo e elogios

O secretário Francisco Deodato mereceu elogio do deputado Luiz Castro, por se fazer presente no seminário sobre tuberculose na Aleam. Já o secretário municipal Marcelo Magaldi levou ‘cascudo’ por não ter comparecido.

Amigo magoado

O caso aconteceu em Manaus e envolveu dois amigos. Um, proprietário de uma empresa, o entro gerente do negócio, que festejavam o natal juntos e viajavam juntos.  Despedido, este último denunciou o ex-amigo e chefe por    assédio moral.  Perdeu na primeira e segunda instância. Seu ultimo recurso foi o Superior Tribunal do Trabalho. A sentença saiu semana passada.  A conclusão do tribunal é que não houve dano. O Ministro Hugo Carlos Scheuermann reforçou  na sua decisão  o que havia entendido  a 17ª Vara do Trabalho de Manaus, que avaliou que o  grau de intimidade de ambos extrapolava o ambiente de trabalho. “Ninguém viaja a Paris em companhia que considera desagradável e sem educação.” No recurso ao TST, o ex-amigo e ex-gerente  alegou  situações humilhantes e de extrema degradação íntima, sendo inclusive agredido fisicamente.  Não sensibilizou ninguém. Perdeu o amigo, de quem se aproveitou para fazer viagens que não podia bancar, e perdeu  o emprego.

Culpa do capiroto

Da tribuna da Assembleia Legislativa, o deputado-presidente da casa, David Almeida (PSD), culpou o “capiroto” pelos problemas que assolam a saúde estadual. Ao contrário do que se previa, não houve confronto ontem entre ele e o secretário Francisco Deodato.

CPI sem assinaturas

Diferente do clima bélico da semana passada, a adesão à CPI da Saúde no Legislativo Estadual se resumiu ontem a quatro assinaturas dos deputados José Ricardo Wendling (PT), Luiz Castro (REDE), Sinésio Campos (PT) e Sabá Reis (PR). “Acho que a CPI babou”, disse à coluna um parlamentar independente.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.