Defesa da conselheira Yara Lins passa pelo seu afastamento do TCE
- Ao insistir em manter a posição atual - de relatora das contas da saúde, agora sob suspeição, e presidente do TCE - a conselheira Yara assume um desgaste desnecessário e contribui diretamente para o desmonte da imagem do tribunal.
Há fortes indícios de que o deputado federal Fausto Júnior e sua mãe, Yara Lins, participaram de uma organização criminosa que se apropriou de dinheiro público durante a pandemia de covid 19. As investigações apontam para o envolvimento de mãe e filho com empresas e funcionários públicos que atuavam no Pronto-Socorro 28 de Agosto.
O rastro de malfeitoria atribuído à conselheira - que demandou em inquérito que acaba de chegar ao Supremo Tribunal Federal - precisa ser avaliado também pelo TCE, mesmo considerando as fraturas que essa iniciativa, absolutamente imprescíndivel, possa provocar na imagem de um tribunal que degenera a cada dia.
Cabe ao TCE se antecipar aos fatos investigados e tirar da conselheira a atribuição de julgar as contas da saúde, onde teria favorecido as empresas investigadas. É uma medida necessária, que deve durar ao menos até o julgamento do caso pelo STF, quando Yara terá oportunidade de se manifestar.
Não se trata de fazer um pré-julgamento dos atos de Yara, mas preservar o tribunal, já excessivamente exposto, e blindar a conselheira de eventuais alegações de suspeição.
Como todo acusado, Yara tem o direito de se defender e provar que está sendo vítima do que ela chama de “perseguição política”. Como prova de sua honestidade e espírito público, poderia ser de sua iniciativa pedir afastamento da Corte até julgamento do caso pelo STF.
Ficar na posição atual - relatora das contas da saúde, agora sob suspeição, e presidente do TCE, a conselheira Yara assume um desgaste desnecessário e contribui diretamente para o desmonte da imagem do tribunal.
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ASSUNTOS: FAUSTO JUNIOR, TCE-Am, YARA LINS
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.