Compartilhe este texto

Covid 19 com variante local provoca discriminação contra amazonenses


Por Raimundo de Holanda

10/02/2021 19h41 — em
Bastidores da Política



Os amazonenses começam a ser discriminados em outros Estados. Tudo por conta da  Covid 19 e da variante encontrada em Manaus. Em parte essa discriminação é culpa da imprensa “profissional”, que erra na informação e pende para o sensacionalismo.

O problema começou com a Globo, que em 27 de janeiro chamou a nova cepa encontrada em Manaus de “variante amazonense”. Isso no Jornal Nacional. Depois a revista "IstoÉ" deu como manchete de página  titulo com informação recheada  de preconceito e pouca informação: “Mutação do Coronavirus do Amazonas, entenda o perigo da nova cepa que já chegou em SP”. Informação que se multiplicou nos meios de comunicação de todo o País. Esperar o quê depois disso?

Mas a vida segue. E a morte no seu encalço. Boletim da Vigilância Sanitária aponta  que nas últimas 24 horas a doença matou 52 pessoas no Amazonas, mas também  tirou do armário um dado ainda mais assustador : outras 115 pessoas cujos exames estavam pendentes, morreram vítimas da doença. A somatória é terrível:   total de  9.452 amazonenses mortos pelo vírus desde que  ele se alastrou pelo Estado,  revelando uma rede de corrupção na saúde e desestabilizando o sistema, que escancarou seu lado mais doentio: falta de insumos, falta de médicos, falta de oxigênio, falta de governo.

Mas por que a Fundação de Vigilância Sanitária demora tanto a identificar a causa  das mortes, reveladas  a conta-gotas  como “detectadas por critérios clínicos"?  Não diz o óbvio: que  esses óbitos ocorreram ( e vêm ocorrendo) em casa, sem controle epidemiológico, sem tratamento dos pacientes, sem uma pesquisa de campo. Assim não dá para conter o vírus.

A Vigilância Sanitária não vigia, apenas contabiliza números. Se fechar, não vai fazer falta.

Siga-nos no


Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.