Coari é um caos, sem ordem, sem segurança e uma disputa de poder sem respeitar regras
Há um caos instalado em Coari e uma iminente ruptura das instituições, um sério risco à segurança pública, uma situação de confronto que insinua uma tragédia. E o Tribunal Regional Eleitoral em silêncio, mesmo com regras eleitorais solapadas diariamente. Chegou a hora de colocar ordem onde ela foi flagrantemente rompida. Chegou a hora de olhar para Coari com a responsabilidade que tem faltado ate agora ao Ministério Público, ao Poder Judiciário, ao governo do Estado e ao TRE. Ou a eleição marcada para dezembro pode terminar não com um vencedor, mas com a cidade contando seus mortos.
Antes de continuar, permita leitor, um exemplo: Quando Barack Obama foi indicado pelo Partido Democrata para disputar a presidência dos EUA em 2008, seu adversário, um branco - John McCain - saiu ousadamente em sua defesa durante um comício do Partido Republicano, no qual seus eleitores alertavam o quanto seria catastrófico para o país que Obama chegasse a Casa Branca. Logicamente que MacCain queria ser eleito, mas defendeu Obama, dizendo que ninguém precisaria ter medo, caso ele ganhasse a disputa presidencial pelo simples fato de ser um “sujeito decente, um homem de família", mas do qual discordava "em assuntos fundamentais. E o fato de discordar é o motivo pelo qual estou contra ele".
Num país racista, que mostrou suas vísceras nove anos depois, na era Trump, a posição de MacCain é histórica e um exemplo que os políticos de um modo geral deveriam seguir.
Há sempre virtudes no adversário. Uma campanha eleitoral não é uma guerra, um jogo sujo, é antes um exercício de convencimento do eleitorado.
Mas não é isso que se tem visto ultimamente. Em Coari, por exemplo, um candidato é chamado de corno e logo em seguida vem a resposta: veado. Não há virtude no adversário, o discurso é de ódio, a mensagem para o eleitor é de que não há esperança, que o tempo da bonança acabou, que a disputa não é pela governança, mas pela riqueza do município, pelo solo rico em petróleo e outros minerais. A política cedeu lugar a mercadores e negociantes de ouro.
Para piorar, o batalhão da Polícia Militar do Amazonas em Coari se transformou em cabo eleitoral de um candidato e comete atrocidades, rompendo caminhadas pacíficas com carros ocupados por homens armados, ameaçadores e com sirenes ligadas.
Há um caos instalado e uma iminente ruptura das instituições, um sério risco à segurança pública, uma situação de confronto que insinua uma tragédia. E o Tribunal Regional Eleitoral em silêncio, mesmo com regras eleitorais solapadas diariamente.
Chegou a hora de colocar ordem onde ela foi flagrantemente rompida. Chegou a hora de olhar para Coari com a responsabilidade que tem faltado ate agora ao Ministério Público, ao Poder Judiciário, ao governo do Estado e ao TRE. Ou a eleição marcada para dezembro pode terminar não com um vencedor, mas com a cidade contando seus mortos.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.