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Carla Zambelli é louca, mas lidar com ela exige bom senso


Por Raimundo de Holanda

04/06/2025 19h20 — em
Bastidores da Política



A decretação da prisão preventiva de Carla Zambelli pelo Ministro Alexandre de Moraes, embora ilegal, já era esperada. 

A legislação é clara. Depois de eleito e diplomado,  "o parlamentar só pode se preso mediante flagrante de crime inafiançável", como prevê a Constituição do País. 

Mas Moraes foi além de suas funções legais - pediu o banimento das redes sociais da mãe da deputada e do filho dela, violando o princípio da pessoalidade. 

A família do acusado - qualquer acusado , seja qual for o crime cometido - não pode responder pelo delito atribuído a terceiros.

O que ficou claro nessa decisão? Um erro primário de um magistrado que perdeu o limite do bom senso, minou a boa fé que muitos brasileiros viam no seu trabalho em defesa da democracia. 

De uma só vez, Moraes violou princípios como individualidade de pena, liberdade de expressão e avançou com censura velada contra cidadãos que  não podem ser punidos por crimes atribuídos a um familiar.

Quando se fala em questões legais ou ilegais tomadas pelo ministro, ele costuma perguntar: "Essa crítica foi feita por  um jurista?", como forma de desqualificar seus "detratores". 

Mas não precisa ser jurista para identificar ilegalidades tão gritantes. 

Cada brasileiro, por mais simples que seja, mais desinformado que seja, tem não apenas o dever mas o direito de conhecer sua Constituição ou parte de sua Constituição, da lei maior que rege as liberdades num País tão injusto e desigual, agora a beira do colapso institucional  com a  contribuição de um ministro da Suprema Corte.

Que fique bem claro uma coisa: não sou de direita, considero Carla Zambelli uma louca, mas isso não permite excessos do judiciário  que ameace o que  resta de liberdade e de democracia no País.

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ASSUNTOS: Alexandre de Moraes, CARLA ZAMBELLI, STF

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.