'Bandido bom é bandido morto'
Adotei faz tempo o discurso de tolerância zero para a criminalidade: "bandido bom é bandido morto". Mas sempre enfrentei o dilema de entender o que é bandido em uma sociedade tóxica, em que os delinquentes também usam ternos e utilizam a lei para legitimar seus projetos de poder. Como desejar a morte de tanta gente?
Há bandidos que utilizam drogas e armas para matar e há bandidos que redigem leis para favorecer empresas amigas que molham suas mãos e enchem seus bolsos, enquanto mandam a conta para o resto da sociedade pagar.
Há bandidos que executam as leis, as interpretam e tiram na maior cara de pau a liberdade de um povo.
Há bandidos com poder de mobilizar forças da sociedade para matar em nome da defesa do Estado que eles entregaram de mãos beijadas para o crime. Não haveria cemitério para tantas vítimas, porque ao contrário do que disse o governador do Rio, Cláudio Castro, vítima não é só o policial que ele mandou para o sacrifício. Vítima é todo aquele que cai por seus erros, fracassos e até virtudes.
Na verdade há muitos criminosos, a grande maioria posando de bons moços, acima de qualquer suspeita. Gente que se diz honesta, probo, mas esses são os mais nocivos. Nunca se sabe quando vão agir e como vão agir.
ASSUNTOS: bandido bom é bandido morto, cláudio castro, CV, massacre no rio, rio de janeiro
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.