Bienal do Livro de São Paulo se cola ao TikTok para dobrar aposta nos jovens
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Apesar de ter conseguido controlar melhor o tamanho de suas filas de entrada em relação ao sábado, a Bienal do Livro de São Paulo segue lotada no segundo dia do evento, um domingo também ensolarado que dobrou a aposta na literatura pop.
À tarde, a arena central recebeu a primeira aparição em feira literária da espanhola Elena Armas, que lançou "Uma Farsa de Amor na Espanha" pela Arqueiro, romance que se disseminou como fogo de palha entre os 'booktokers', que divulgam livros no TikTok.
A Bienal do Livro tem um feliz casamento com a rede social preferida da geração Z, que tem sido aliada de peso para editoras voltadas a este público. Caminhando pelas tendas, era comum ver estantes com legendas como "bombou no TikTok".
À palestra de Elena se seguiu uma de Brian Zepka, de "A Temperatura entre Você e Eu", fantasia young adult sobre uma relação gay, pela editora Buzz --que ergueu um palco com microfone e globo espelhado para fotografias.
Não foi a única editora a montar algo assim. Na Rocco, dava para posar ao lado de um ator vestido de Newt Scamander, o protagonista da saga "Animais Fantásticos", que teve o roteiro publicado pela casa; mais perto da Panini, havia um rapaz montado como Doutor Estranho para as fotos. Aqui e ali, também dava para ver gente vestida em cosplay digno de Comic Con.
Quem queria comer num horário razoável tinha que se plantar em filas longas e esperar quase uma hora por um lanche simples. Muita gente recorreu à pipoca, que sujou o chão.
Também era preciso cuidado para não tropeçar em grupos sentados no chão por todo o pavilhão ao lado de sacolas cheias de livros, alguns até lendo. A Bienal do Livro não informou quantos visitantes recebeu neste fim de semana nem quantos ingressos tinham sido vendidos.
Obstáculos superados, dava para ouvir conversas ricas como a da escritora moçambicana Paulina Chiziane com Ana Maria Gonçalves, ou Noemi Jaffe discutir com a portuguesa Dulce Maria Cardoso o que separa história de ficção.
Cardoso argumentou que a escrita de ficção se volta ao futuro, enquanto aquilo que se prende em fatos reais se volta ao passado. "A literatura não fala sobre algo, como o jornalismo ou os livros de história, mas faz com que a realidade fale", disse Jaffe.
A Bienal do Livro continua até o próximo domingo com figuras como Xuxa, Lázaro Ramos e Matilde Campilho.
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