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Estudo mostra que rios amazônicos influenciam linhagem de aves em terra firme

Por Portal Do Holanda

19/05/2022 15h44 — em
Amazonas


Foto: Divulgação

Um estudo publicado recentemente na Revista Science Advances, intitulado “Rearranjos da rede fluvial promovem especiação em aves das terras baixas Amazônicas”, analisou como o surgimento e a evolução dos rios da Amazônia influenciaram a origem de linhagens de aves de terra firme na região.

As florestas tropicais na bacia do rio Amazonas contêm mais de 10% de todas espécies conhecidas atualmente e por isso avalia-se estar no ecossistema mais diversificado do mundo.

De autoria da pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), a bióloga Camila Ribas, e pesquisadores do Museu Americano de História Natural (AMNH), da qual Ribas é pesquisadora associada desde 2008, a primeira autoria do artigo é assinada por Lukas Musher.

Aves, primatas, sapos e outros organismos apresentam variação na composição de espécies em grandes interflúvios ao longo da planície amazônica. Só de aves a estimativa é de que a Amazônia abriga mais 1.300 espécies.

As aves, de acordo com Ribas, se tornam “ótimos marcadores” da evolução das paisagens, por serem grupos especializados em diferentes ambientes Amazônicos, como sub-bosque de floresta de terra firme, várzeas, igapós, campinas e savanas.

De acordo com Camila, foi possível testar aqui hipóteses sobre como mudanças nas paisagens afetaram a distribuição das espécies de aves em cada ambiente Amazônico no passado, e com isso entender melhor tanto a formação da biodiversidade Amazônica como a conhecemos hoje quanto o que pode acontecer com essa diversidade frente às mudanças futuras, mais rápidas, causadas pelo homem.

Para investigar como o movimento - a dinâmica - dos rios na paisagem influenciou o acúmulo de espécies de aves na Amazônia, os pesquisadores sequenciaram os genomas de 371 indivíduos de seis espécies de aves do Sul da Amazônia: Galbula cyanicollis (conhecido como ariramba-da-mata), Malacoptila rufa (barbudo-de-pescoço-ferrugem), Thamnophilus aethiops (Choca-lisa), Hypocnemis sp. (cantador-estriado), Phlegopsis nigromaculata (mãe-de-taoca) e Willisornis sp (rendadinho).

Um dos resultados do trabalho foi mostrar que os rios são barreiras para as populações das aves estudadas, que acumulam diferenças genéticas, o que pode levar à especiação.

Outro achado importante do estudo é que a riqueza de espécies de aves na Amazônia ainda pode ser subestimada, apesar de as aves serem um dos grupos de animais mais bem conhecidos.

Os cientistas identificaram populações de aves que evoluem independentemente e, portanto, deveriam ser reconhecidas como espécies diferentes, mas foram consideradas até hoje como uma única espécie.

Os autores do artigo manifestaram preocupação com o futuro da Amazônia, alertando para as mudanças ambientais atuais que ameaçam espécies conhecidas e desconhecidas, isso porque essas linhagens únicas e endêmicas estão em áreas que se encontram sob forte pressão de desmatamento.


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