A Amazônia perdeu 44,5 milhões de hectares do bioma para as pastagens entre os anos de 1985 e 2020, tendo reduzido também 19.569 km² de superfície de água, o equivalente a 16,4%.

Os dados foram apontados pelo MapBiomas, divulgados esta semana pela Revista O Eco. Do total desmatado, 99% foi convertido para uso agropecuário e representa uma extensão equivalente a cerca de nove vezes a área do Estado do Rio de Janeiro.

O levantamento faz parte da série Brasil Revelado 1985-2020, produzido pelo MapBiomas em parceria com Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima, que conta com a participação de instituições de pesquisa, empresas de tecnologia, universidades e organizações não-governamentais.

De acordo com o levantamento, da área total de vegetação perdida, 38 milhões de hectares (86,3%) se transformaram em pasto, enquanto 6 milhões de hectares (13,6%) foram usados na agricultura.

O Pará encabeça a lista de estados com maior redução de áreas florestais, quando considerado o acumulado no período, com perda de 15,4 milhões de hectares entre 1985 e 2020.

Em segundo lugar, vem o Mato Grosso, com acumulado de 13,7 milhões de ha desmatados, seguido por Rondônia, com perda de 6,7 milhões de hectares.

MAIS SECA

Outro dado preocupante divulgado pelo levantamento foi o de que, em 20 anos (de 1999 a 2020), a Amazônia perdeu 19.569 km² de superfície de água, o que representa uma redução de 16,4%.

O pesquisador Luís Oliveira, assistente do Imazon, explica que essa situação indica uma tendência de seca na região amazônica, principalmente nas áreas de várzea, por afetar o ciclo hidrológico.

O pesquisador que foi um dos responsáveis pelos dados sobre a Amazônia, disse que o estado que mais perdeu superfície de água em 25 anos foi Roraima, com uma redução de 58%, ou 3.528 km² perdidos.

O Amazonas e o Pará respondem por 82,5 do total de superfície de água no bioma amazônico.

O levantamento do Mapbiomas indicou ainda um aumento entre 1985 e 2020 das áreas voltadas para mineração no bioma de 134 mil hectares, sendo a maior parte delas no Pará (102 mil hectares).

Da área total utilizada para mineração, 67% são áreas de garimpos e 33% é mineração industrial.

Os dados do MapBiomas foram levantados a partir da análise e processamento de todas as imagens do satélite Landsat, da NASA, disponíveis em 36 anos.

O trabalhou envolveu mais de 100 pesquisadores de universidades, ongs e empresas de tecnologia no Brasil e traz informações anuais sobre 25 classes de cobertura e uso do solo entre 1985 e 2020 para todos os biomas brasileiros.