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Ninguém quer ser "rainha da Inglaterra" na Suframa


Por Raimundo de Holanda

29/10/2014 0h11 — em
Bastidores da Política



A luta nos bastidores pela indicação do novo superintendente da Suframa se presta apenas para marcar posição dos diversos grupos aliados ao poder central, mas o cargo perdeu importância nos últimos 20 anos. Sem autonomia, a Suframa passou a ter na figura do superintendente apenas um servidor graduado, mas sem poderes sequer para interferir na greve de seus servidores. Uma mera portaria definindo horário de trabalho depende do aval do Ministério do Desenvolvimento,  Indústria e Comércio.

Ávidos por popularidade, os parlamentares do Amazonas achavam que prorrogar os incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus por mais 50 anos era suficiente.  Não se preocuparam com a autonomia do órgão, amarrado a interesses de burocratas do Palácio do Planalto.  

Nem mesmo o líder do governo, o senador pelo Amazonas, Eduardo Braga, se preocupou com o problema. E que problema.

OLHARES DISTANTES

Dois oposicionistas analisaram ontem a saída anunciada do superintendente da Suframa, Thomaz Nogueira, por prismas diferentes. O petista José Ricardo disse que a Suframa precisa ser fortalecida, mas questionou que, pelo tempo da política de incentivos fiscais, o polo industrial deveria gerar muito mais empregos do que hoje. Para o colega Luiz Castro, a saída de Thomaz representa um grito de alerta, porque ele coloca com muita clareza, que apesar da prorrogação, a prorrogação não passa pela linha de ação da governança federal.

Pra quem não entendeu direito, Castro citou o exemplo do CBA, que está há 12 anos sem uma definição institucional por descaso do governo federal – “se o problema é o tucaninho que está pintado na fachada, vamos tirar o tucaninho de lá”, ironizou.

REARRUMNANDO A CASA

O eleição acabou, mas o processo político é permanente. O governador José Melo e seus aliados já começam a rearrumar a base aliada do govern. Hoje a Assembleia Legislativa vai fazer o primeiro teste de votação dentro da nova conjuntura. Ontem os deputados concordaram que não houve uma mudança de governo. Para os aliados é a continuação de um trabalho que vem dando certo, mas para a oposição é apenas a continuidade de um grupo político no poder.

Ontem o presidente Josué Neto disse que será apenas uma questão de tempo para que a base de antes da eleição volte a trabalhar unida. Talvez seja, afinal, só quem ficou “magoado” mesmo com a derrota foi o senador Eduardo Braga.

DESAFIOS E DIVISÃO DO BRASIL

Ao reconhecer que o novo mandato da presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) tem grandes desafios pela frente, a senadora Vanessa Grazziontin (PCdoB) também afirmou, nesta terça-feira, que o país não está dividido. A senadora está correta quanto à primeira parte, já sobre a divisão do país, existem pelo menos 51 milhões de brasileiros que querem muito o PT... bem longe do Planalto.

SEM MANDATOS

Marcelo Ramos (PSB), Chico Preto (PMN) e Francisco Praciano (PT) estão entre os políticos que as urnas derrotaram e estão, a partir de 1º de janeiro de 2015, sem mandato. Já o também sem mandato Eron Bezerra (PCdoB) prega que partido derrotado deve fazer oposição, o que deve ser o caso da única deputada estadual na próxima legislatura da Aleam, eleita pelo PCdoB, Alessandra Campelo.

FALTA GRANA FEDERAL

Diz o vereador Ednailson Rozenha (PSDB) que os prognósticos para Manaus são os piores possíveis em relação aos recursos que deveriam ser transferidos pela União ao município. Rozenha acrescenta que nos últimos 2 anos a Prefeitura de Manaus não conseguiu obter nada e afirma que agora vai piorar.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.