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A morte do professor Eraldo Libório e o apelo por justiça


Por Raimundo de Holanda

09/04/2023 20h13 — em
Bastidores da Política



 

A polícia ainda procura o autor ou autores do assassinato do professor Eraldo Libório, cujo corpo foi encontrado no dia 2 deste mês, com as mãos amarradas, sinais de tortura e golpes de faca em torno do pescoço. Ele lecionava na escola Roberto Vieira, no bairro Santa Etelvina, Manaus. Sua morte fez subir a estatística de assassinatos na cidade, que fechou o bimestre – janeiro-fevereiro - com 177 homicídios.  Março não consta nos dados oficiais divulgados pela Secretaria de Segurança do Amazonas, mas estima-se que esse número cresceu 50%. 

Alunos e familiares do professor pedem justiça, como se justiça estivesse à mão para ser aplicada a qualquer momento. É todo um processo, que começa com a identificação do criminoso e mandante, seguido do inquérito policial, do parecer do Ministério Público e o envio das informações checadas ao Judiciário. O que nem sempre acontece porque a maioria dos crimes não são solucionados.  

Culpar a polícia é fácil, mas a realidade é bem diferente: a maioria dos crimes são encomendados e há gangues que cobram pelo serviço, quando não pistoleiros que fazem da morte uma profissão.

Em 2022 o número de homicídios passou de 2 mil, nem um terço deles foi solucionado. Mudar esse quadro de impunidade depende menos da polícia e mais da sociedade, que deve pensar se a solução para o problema depende de um Estado capaz de avançar sobre certos direitos e liberdades individuais. Um Estado que possa agir de pronto, sem empecilhos legais para desvendar crimes e colocar seus autores na cadeia. Mas o preço é alto demais.

Um Estado policial nos leva a uma ditadura, mas o excesso de direitos também conduz ao caos e acaba beneficiando criminosos que agem de forma cada vez mais audaciosa e sofisticada. Matar virou um negócio, uma profissão.

Identificar esse tipo de criminoso, que mata por encomenda, é uma tarefa difícil, mas não impossível. Vai depender de investimentos na formação  de policiais focados no trabalho  de inteligência, que geralmente demora, mas tem resultados.

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ASSUNTOS: dados ssp-am, homicídios, Manaus, polícia

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.