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Prefeitura de SP nega plano de transferir de blocos de Carnaval para marginal Pinheiros

Por Folha de São Paulo

17/11/2025 21h44 — em
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após o comandante do 23º Batalhão da Polícia Militar de Pinheiros, na zona oeste, solicitar à gestão municipal a mudança dos trajetos de blocos de rua de Carnaval para a marginal Pinheiros, a Prefeitura nega que vá fazer a alteração.

Por meio de nota, a SPTuris informou que "nenhum dos trajetos do Carnaval de Rua será transferido para a marginal Pinheiros". O órgão da gestão Ricardo Nunes (MDB) diz que a comissão de organização do Carnaval de rua já iniciou a preparação para a festa do próximo ano e que todos os trajetos dos blocos inscritos estão em fase de análise e validação.

O presidente da SPTuris, Gustavo Pires, afirma que a proposta não passa de boato. "A comissão sequer discutiu o tema, não há hipótese alguma de grandes alterações nos trajetos de São Paulo, não há hipótese alguma de adicionar algum novo trajeto ao Carnaval de rua de São Paulo", declarou nas redes sociais.

Em um documento de 6 de novembro ao secretário municipal de Governo, Edson Aparecido, o vereador Sargento Nantes (PP) relata que o coronel Marcelo Vinicius Costa Rezende lhe sugeriu uma proposta de reestruturação estratégica dos locais de desfile dos blocos de grande porte do Carnaval.

O vereador afirma que a mudança representaria uma medida sensata e eficaz diante dos desafios operacionais, logísticos e urbanos enfrentados nos atuais locais da região. "A proposta visa otimizar recursos públicos, reduzir impactos à população residente e garantir maior segurança aos foliões e trabalhadores envolvidos", diz Nantes.

Na proposta apresentada ao vereador, o coronel descreve que a mudança dos blocos de grande porte da área da Subprefeitura de Pinheiros para a marginal Pinheiros seria uma boa solução para melhorar a segurança pública e facilitaria o trabalho da polícia.

Em um trecho, o coronel diz que a proposta atrai benefícios inquestionáveis de "responsabilidade fiscal, mobilidade urbana e convivência harmonia entre o evento e a cidade".

Além da proposta do coronel, o ofício é acompanhado de diversas cartas de conselhos de seguranças de bairros, como do Itaim Bibi, prédios da Faria Lima e associação de moradores, como a Ame Jardins.

Uma das entidades é a Rede de Organizações da Comunidade de Moradores e Comerciantes de Pinheiros, que afirma que a mudança acabaria com o bloqueio de vias "essenciais, que sufocam a circulação interna dos bairros densamente povoados, além de evitar a desordem por um perímetro amplo".

Em nota, a Polícia Militar diz que participa das discussões com os órgãos municipais responsáveis pelo planejamento do Carnaval e, como acontece todos os anos, apresenta sugestões técnicas voltadas à melhoria da segurança, da mobilidade e da organização dos eventos.

"A instituição ressalta que estuda continuamente ajustes e otimizações operacionais, sempre com foco na proteção do público e no melhor funcionamento da cidade", conclui a nota da PM.

CARNAVALESCOS CRITICAM PROPOSTA

José Cury, representante do Fórum de Blocos de São Paulo, diz que nenhum dos pontos levantados pelo coronel se sustenta. Ele afirma que a sugestão é perigosa, restringe o acesso da população, que teria apenas uma estação de metrô como opção, e classifica a ideia como "uma grande aberração construída para agradar associações".

Cury cita que o argumento de que a mudança otimizaria os recursos não procede e lembra que a festa deste ano movimentou R$ 3,4 bilhões. "O Carnaval é uma máquina de fazer dinheiro para a prefeitura e para o estado."

Para ele, a proposta ignora questões básicas de logística e segurança. "Não tem rota de fuga, não tem estrutura para banheiros químicos, não tem comércio que dê suporte para o folião. Se acontece um princípio de tumulto, um acidente com caminhão ou qualquer ocorrência maior, para onde essas pessoas vão correr? Para a pista expressa da marginal, disputando espaço com carros a 90 km/h?", questiona . "Isso não é planejamento, é empurrar problema para um canto escondido da cidade."

A iniciativa uma indica ainda, na opinião do carnavalesco, uma tentativa recorrente de esvaziar a folia de rua e concentrar o controle da festa nas mãos da Polícia Militar e da gestão municipal. "Todo ano aparece uma ideia nova para reduzir horário, empurrar bloco para circuito fechado, dificultar trio elétrico", diz.


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