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Polícia Civil mira vereadora do Rio em operação contra suposta fraude em verbas de creches

Por Folha de São Paulo

04/11/2025 16h00 — em
Variedades



RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A Polícia Civil do Rio realizou nesta terça-feira (4) uma operação contra um esquema que teria desviado verbas públicas destinadas a creches conveniadas na zona oeste da cidade. Entre os alvos estão a vereadora Gigi Castilho (Republicanos), o marido dela, Luciano Castilho, e a filha, Andreza dos Santos Adão.

Segundo a Delegacia de Defraudações, a investigação apura a criação de empresas de fachada para justificar repasses municipais com notas fiscais superfaturadas.

Os investigadores afirmam que familiares de Gigi administravam creches usadas no esquema, além de negócios como panificadora e fornecedoras de serviços que, de acordo com a apuração, não tinham atividade nos endereços informados.

Procurada, a vereadora disse não ter tido acesso ao inquérito e afirmou que sua atuação nas creches era pedagógica, sem participação na gestão financeira ou em contratações. Ela declarou confiar na investigação e disse que o caso será esclarecido pela defesa.

Em seis meses, uma das creches conveniadas recebeu aproximadamente R$ 9 milhões, segundo relatório financeiro da Polícia Civil. No período, foram feitos 816 saques em espécie, somando cerca de R$ 1,5 milhão.

Segundo os investigadores, a movimentação é considerada incompatível com o funcionamento regular de uma instituição educacional conveniada.

A polícia afirma que as notas fiscais eram apresentadas à secretaria municipal responsável como comprovantes de despesas, apesar de produtos e serviços não terem sido entregues. Os valores teriam sido retirados em dinheiro vivo por pessoas ligadas às unidades e às empresas laranjas.

Ao todo, sete creches estão na mira da investigação, entre elas a Creche Comunitária Deus é Fiel, em Sepetiba, a Creche Comunitária Arte e Cultura, em Santa Cruz, e a Creche Escola Machado, em Realengo. As unidades são associações sem fins lucrativos que recebem verba pública para oferecer vagas a crianças da rede municipal.

Gigi Castilho afirmou ter atuado na Creche Comunitária Deus é Fiel como diretora pedagógica até março deste ano, sem participação na gestão financeira.

"Não sendo responsável por contratações de prestadores de serviço e prestações de contas e ou pagamentos, tendo sempre atuado na área de gerenciamento pedagógico da instituição", disse a vereadora.

Procurada, a Prefeitura do Rio não respondeu à reportagem até o fechamento deste texto.

Os agentes cumpriram 29 mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça em endereços ligados aos investigados, incluindo duas unidades educacionais citadas nas investigações.

Durante a operação, policiais estiveram na casa da vereadora e do marido, que não foram encontrados. Segundo a delegada responsável, o portão do imóvel estava aberto no momento da chegada das equipes, e endereços associados às empresas investigadas não apresentavam qualquer atividade comercial.

A operação tem como foco a apreensão de documentos, celulares, computadores e material contábil. As investigações seguem para identificar todos os beneficiários e possíveis servidores públicos envolvidos.

Gigi Castilho, 50, cumpre seu primeiro mandato na Câmara Municipal do Rio, eleita em 2024 pelo Republicanos com base na zona oeste. Pedagoga e ex-diretora de creche comunitária, ela construiu atuação em projetos sociais e na educação infantil antes de entrar na política.


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