Pazuello admite que sabia de problemas com oxigênio em Manaus desde 8 de janeiro
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O general Eduardo Pazuello, ministro da Saúde, admitiu nesta segunda-feira (18) que soube da possibilidade de falta de oxigênio no Amazonas no dia 8 de janeiro, uma semana antes do dia mais grave de mortes por asfixia em leitos do estado. "No dia 8 de janeiro, nós tivemos a compreensão, a partir de uma carta da White Martins, de que poderia haver falta de oxigênio se não houvesse ações para que a gente mitigasse este problema", disse Pazuello em uma entrevista coletiva em que respondeu perguntas de apenas quatro jornalistas. "Mas aquela foi uma surpresa tanto para o governo do estado como para nós. Até então, o assunto oxigênio estava equilibrado pela própria empresa", afirmou o general. Pazuello disse que a velocidade de internações aumentou muito e que "o consumo triplicou, quadriplicou, quintuplicou", e a empresa não deu conta da demanda. O jornal Folha de S.Paulo mostrou no sábado (16) que Pazuello havia sido avisado sobre a escassez crítica de oxigênio em Manaus por integrantes do governo do Amazonas, pela empresa que fornece o produto e até mesmo por uma cunhada sua que tinha um familiar "sem oxigênio para passar o dia", mas ignorou os alertas. O general da ativa também foi informado sobre problemas logísticos nas remessas. No domingo, a PGR (Procuradoria-Geral da República) deu 15 dias para o ministro explicar por que não agiu para garantir o fornecimento de oxigênio aos hospitais de Manaus. Aviões da Força Aérea Brasileira começaram a transportar cilindros de oxigênio a Manaus no dia 8, mas em quantidades bem inferiores à necessária. O colapso se manifestou de forma mais notória seis dias depois. Em diferentes unidades de saúde, pacientes com Covid-19 morreram asfixiados diante do esgotamento do oxigênio. O consumo diário de oxigênio chegou a 70 mil m3 por dia, o triplo da capacidade de produção da White Martins, segundo a empresa. Na primeira onda da pandemia em Manaus, entre abril e maio, o pico foi de 30 mil m3. O caos que se instaurou, os relatos de mortes de pacientes sem ar e o medo de novas mortes em série levaram o governo de Jair Bolsonaro a agir para tentar garantir a chegada de oxigênio e a sobrevivência de pessoas nos hospitais. Bolsonaro tem sido cobrado pelo fracasso da atuação do governo no enfrentamento à pandemia de Covid-19. A coletiva desta segunda-feira, com o ministro diante das câmeras, seguiu o roteiro que aliados do presidente vinham seguindo no fim de semana: enumerar ações do governo federal para afastar do Palácio do Planalto as acusações de omissão. Para legitimar sua fala, Pazuello foi à entrevista acompanhado do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC). O governador se disse preocupado com o aumento de casos de síndromes respiratórias agudas, que historicamente crescem em fevereiro no estado, mas não poupou elogios a Bolsonaro e Pazuello. "Em nome do povo do Amazonas, muito obrigado pelo seu empenho e de toda sua equipe", disse o governador em uma fala inicial, mas sem responder a perguntas de jornalistas. Apesar de toda a crise sanitária, Pazuello afirmou que "a nossa guerra" é a "guerra contra as pessoas que estão manipulando nosso país há muitos anos". O general disse que a situação que Manaus está vivendo hoje pode se replicar em outras regiões do país, como o Norte e o Nordeste em breve e no centro-sul, com a proximidade do inverno. "Por isso estamos tão ávidos por receber a vacina, distribuir e vacinar a população brasileira", afirmou. Citando dificuldades como o fuso horário, o ministro não deu previsão de data para trazer da Índia o lote de vacinas contra a Covid-19. Na manhã desta segunda, Bolsonaro recebeu no Palácio do Planalto o embaixador da Índia no Brasil, Suresh K. Reddy. "O fuso horário é muito complicado. Estamos recebendo a sinalização de que isso deverá ser resolvido nos próximos dias desta semana", afirmou Pazuello. O ministro da Saúde também minimizou o atraso na entrega de lotes da vacina a alguns estados nesta segunda-feira. "Aquilo que era planejado até as 8h para ser executado durante o dia está sendo encurtado para atender o pedido dos governadores. Isso, você imagina a mudança da logística para 26 estados num país continental como o Brasil", disse Pazuello.
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