Municípios de Minas Gerais reclamam de falta de vacinas e cobram governo Lula
BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - Gestores de cidades de todas as regiões de Minas Gerais relatam não ter vacinas suficientes para dar conta da demanda da população. É o que aponta uma pesquisa da Associação Mineira de Municípios (AMM), respondida por 221 das 853 cidades do estado.
O imunizante que mais aparece em falta é a vacina contra a varicela (catapora), citada por 93% dos municípios pesquisados entre os dias 3 a 5 de setembro.
O presidente da AMM, Marcos Vinicius (PSDB), prefeito de Coronel Fabriciano, afirma que as reclamações à entidade se intensificaram por causa do período eleitoral.
"Vários prefeitos começaram a me demandar que estavam sofrendo ataques porque pacientes estavam na unidade de saúde atrás de vacinas e alguns desses imunizantes estavam em falta por mais de 90 dias, então resolvemos fazer o levantamento", disse o presidente da entidade.
A associação diz ter enviado ofício ao Ministério da Saúde no dia 2 de setembro cobrando explicações, mas não foi respondida.
O subsecretário de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde de Minas, Eduardo Prosdocimi, afirma que o problema é reflexo da falta de encaminhamento das vacinas por parte do governo federal.
"A gente abriu mão de quase todo o nosso estoque de segurança de vacinas aqui na nossa central estadual. Obviamente que isso não compreende todas as necessidades dos municípios, mas a gente continua solicitando de forma muito firme as ordens para que o Ministério nos encaminhe as doses", afirmou Prosdocimi.
Procurado, o Ministério da Saúde afirma que mantém regular o envio de doses para a Secretaria de Saúde, responsável pelo abastecimento. Sobre a vacina contra a varicela, diz que está fazendo aquisições emergenciais com fornecedores para manter o abastecimento do imunizante.
Além desse imunizante, a pesquisa da AMM apontou ausência das vacinas meningocócica C (citada por 54,4% dos municípios ouvidos), contra a variante XBB da Covid (52%), contra a hepatite A (28,1%) e a tríplice DTP, que protege contra a difteria, o tétano e a coqueluche (25,7%).
Ainda foram citadas o imunizante contra a raiva em cultura celular, o contra a febre amarela e a vacina meningocócica conjugada ACWY.
O Ministério da Saúde afirmou que foram distribuídas ao estado 5,5 milhões de doses dessas oito vacinas, incluindo a de Covid e, até o momento, o sistema de informação registra 2,2 milhões de doses aplicadas.
"Caso ocorra falta de vacinas em municípios específicos, a orientação do Ministério da Saúde é que seja feita a redistribuição de doses dentro do território", diz, em nota.
A pasta encaminhou uma tabela que mostra as vacinas distribuídas a Minas Gerais e as que foram aplicadas no estado até o dia 2 de setembro.
As maiores discrepâncias estão no imunizante contra a febre amarela, tríplice viral e contra a variante XXB da Covid. Procurada, a Secretaria de Saúde de Minas não respondeu até a publicação do texto.
A tríplice viral ajuda no combate à coqueluche, doença que provocou a morte de um bebê de um mês em Poços de Caldas, no Sul de Minas, confirmada pelo município no mês de julho.
Foi o primeiro óbito pela doença no estado desde 2019 e o segundo no país neste ano. Desde 2021 não era registrada uma morte por coqueluche no Brasil.
O subsecretário afirma que, mesmo com a falta de alguns imunizantes, a população deve se dirigir às unidades de saúde para completar o cartão de vacinação.
"A falta pontual de imunizante não é justificativa para não ir à unidade de saúde e ver, entre as vacinas que estão disponíveis e aptas para a faixa etária, aquela que deve ser tomada", concluiu.
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