Compartilhe este texto

Moradores da Baixada do Glicério reclamam de som alto constante em bares no centro de SP

Por Folha de São Paulo

29/04/2025 21h30 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Viver em algumas áreas da Baixada do Glicério, no centro de São Paulo, tem exigido protetor auricular e muita paciência. Parte dos moradores do bairro não consegue dormir devido ao barulho de bares e adegas.

As ruas Helena Zerrener, Oscar Cintra Gordinho e a praça Ministro Costa Manso são alguns dos locais que se tornaram pontos fixos de música alta e outras perturbações sonoras.

A rotina da área muda e caixas de som são ligadas na quinta-feira, e seguem assim durante o fim de semana. O volume sobe e só diminui depois das 7h. Quem mora na região se vê obrigado a conviver com o barulho.

De acordo com uma moradora que pediu para não ter seu nome divulgado, o problema é antigo.

Ela vive no bairro há mais de 30 anos, mas as atividades dos bares só passaram a ser inconvenientes nos últimos 10 anos.

Algumas vezes, diz, o som permanece ligado o dia todo. A moradora afirma que no início registrava denúncias pelo telefone, de forma anônima, por medo de que acontecesse algo com ela ou com algum familiar.

A reportagem procurou alguns dos estabelecimentos, mas não obteve respostas sobre o volume utilizado nos aparelhos de som, fora do horário permitido. Em um dos bares, uma atendente afirmou que não havia necessidade de resposta, já que "isso era comum no bairro".

A gestão Ricardo Nunes (MDB), através da Secretaria Municipal das Subprefeituras, afirma que nos últimos dois meses agentes do Psiu (Programa Silêncio Urbano) estiveram em alguns dos estabelecimentos denunciados e não constataram irregularidades.

A lei do Psiu define os limites de volume, as áreas da cidade onde festas, manifestações religiosas e outros eventos com som alto são autorizados, bem como os horários permitidos.

Em casos de descumprimento das normas, denúncias também podem ser feitas pelo telefone 156 ou pelo portal SP156.

Marcel Alves, morador da rua Helena Zerrener, fez mais de 80 denúncias pelo aplicativo da Polícia Militar e registrou 10 boletins de ocorrência. Ele também procurou o canal oficial da Prefeitura de São Paulo, o 156.

Segundo o morador, parece até disputa para ver qual equipamento de som é mais potente. Ele afirma que a reclamação sobre o barulho segue sem retorno.

"Eu moro no 7º andar e, muitas vezes, preciso colocar protetor auricular. Mesmo assim, é um incômodo", relata.

Além dele, outros moradores buscam alternativas para ter uma boa noite de sono, como chás e remédios para dormir.

Em dias mais movimentados, as festas começam às 20h e só terminam no dia seguinte, varando as madrugadas de sábado e domingo.

É possível ouvir as músicas até mesmo nos andares mais altos dos prédios da região.

Talita das Flores, 24, vendedora de bolos, teve sua filha no período das festas de final de ano e se lembra dos momentos difíceis durante seu puerpério. "Tive que passar meu período de resguardo, suportando barulho de fluxo, música alta e fogos com uma bebê recém-nascida", diz. "Minha filha de 2 anos tem muito trauma de barulho alto, tipo explosões. Moramos em apartamento, e olha que é no 20º andar."

Moradores pedem um posto policial e mais ações na área para fiscalizar o som alto. "A polícia vem, passa meia hora. Fica tudo parado. Quando ela vai embora, o som volta ao normal", conta Talita

Mesmo com a presença da polícia, em alguns casos, os bares são fechados durante as ocorrências, mas logo retomam as atividades, dizem os moradores.

Em nota, a Polícia Militar afirma que as solicitações feitas pelo 190 resultam na designação de uma viatura para o local e, em caso de irregularidades, a equipe entra em contato com o solicitante para que ele formalize a denúncia por meio de um boletim de ocorrência.

Segundo a prefeitura, o primeiro passo após o descumprimento das normas do Psiu é um termo de orientação direcionado aos estabelecimentos para orientar a redução dos ruídos.

Caso o local persista com as infrações são aplicadas multas. Os valores podem variar de R$ 12 mil a R$ 36 mil.


Siga-nos no
O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

ASSUNTOS: Variedades

+ Variedades