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Europa corta 46% da delegação para a COP30, e China reduz em 40%

Por Folha de São Paulo

13/11/2025 6h40 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A delegação da China na COP30 é de 114 pessoas, queda de 40% em relação aos 190 membros na conferência climática de 2024, realizada em Baku, no Azerbaijão. Os 27 países da União Europeia cortaram ainda mais suas comitivas: somados, inscreveram 790 representantes, 46% a menos que os 1.456 na cúpula anterior.

A reportagem comparou a lista provisória de participantes do evento deste ano, divulgada pela ONU na última segunda-feira (10), com o documento publicado no início da COP29. Assim, foi possível identificar se houve diminuição ou aumento das inscrições de cada país para a edição no Brasil.

O número consolidado deve mudar até o final da COP30, já que o total se refere apenas às pessoas credenciadas e pode diminuir com desistências. A comparação com a lista provisória do evento de 2024 reflete as estatísticas iniciais das duas conferências.

Delegações de 194 partes, como são chamadas as nações nas conferências do clima da ONU, se inscreveram para a edição de Belém. Neste ano, os membros oficiais dos países somam 11,5 mil pessoas, 34,8% a menos que na COP29, quando eram 17,6 mil inscritos. O levantamento considera apenas as pessoas credenciadas que fazem parte das equipes dos governos.

Ao todo, a COP30 registrou a inscrição de 56,1 mil pessoas, uma redução de mais de 10 mil participantes em comparação com o ano anterior, quando 66,7 mil estavam registrados para a conferência no Azerbaijão.

As delegações oficiais dos países somam 20,5% do total de participantes em Belém. O restante se divide entre sociedade civil, imprensa e equipes da ONU, além de pessoas também nomeadas pelos governos, mas que não integram as comitivas de negociação, como empresários e pesquisadores.

"A presidência da COP30 não comenta comparativos com edições anteriores do evento, uma vez que cada conferência é organizada por um país-sede distinto e sob diferentes circunstâncias logísticas", disse a organização da cúpula deste ano.

A China, maior emissora atual dos gases que aquecem o planeta, já havia sinalizado em agosto que planejava enviar uma equipe reduzida à COP30, sem dar uma explicação para isso. A embaixada chinesa no Brasil não respondeu aos questionamentos.

Os países da União Europeia enviaram 666 representantes a menos na edição deste ano. A Folha procurou a chefia da delegação no Brasil, mas não teve retorno.

Em termos absolutos, a maior quebra no bloco foi a da Alemanha, que reduziu sua delegação à metade, com 87 membros neste ano contra 177 em 2024. A Itália cortou a equipe em 54% e inscreveu 67 pessoas, ante 146 em Baku.

A Bélgica havia mobilizado 56 pessoas para a COP29, mas registrou apenas 31 na COP30. Já a comitiva da Bulgária encolheu de 68 para 4, e a da Polônia passou de 49 para 14.

A Espanha tem 33 integrantes em Belém, número inferior aos 48 em Baku. A França, por sua vez, enviou 80 pessoas ao Pará, acima dos 63 no ano anterior. Portugal tem 76 representantes nesta edição, 12 a menos que na conferência no Azerbaijão.

A delegação indicada pela própria União Europeia à COP30, e não pelos países do bloco, é de 65 pessoas, abaixo das 78 na COP29.

Os Estados Unidos não enviaram qualquer representação oficial a Belém. No ano anterior, a comitiva americana somava 247 membros –o vazio deixado por essa lacuna equivale a menos da metade dos 666 europeus que deixaram de comparecer à COP30.

Apesar da ausência do governo de Donald Trump, os EUA têm uma espécie de delegação informal na conferência, com ex-funcionários da gestão Obama e governadores.

A Indonésia cortou 37% de sua delegação: 236 pessoas representaram o país na COP29, e agora são 147.

Os pequenos Estados insulares, grupo de 39 nações com risco de desaparecer devido ao aumento do nível do mar, diminuíram suas equipes em 21%. Juntos, enviaram 957 participantes neste ano, contra 1.211 no evento anterior.

Esses países foram contemplados com o aumento do subsídio da ONU para custear a estadia em Belém, na tentativa de contornar a crise gerada pelos altos preços de hospedagem na capital paraense.

O valor diário passou de US$ 144 (R$ 759) para US$ 197 (1.038) em setembro.

As nações menos desenvolvidas também receberam o ajuste no auxílio. A redução das comitivas desse conjunto foi de 4%: eram 4.815 na COP29, e agora são 4.538.

O grupo dos negociadores africanos, composto por 54 países do continente, reduziu a equipe em 6%: a comitiva de 6.457 pessoas na edição de Baku passou para 6.088 em Belém.

A Etiópia, escolhida como sede da COP32 em 2027, cortou sua delegação à metade. Foram 161 membros em 2024, e agora são 79. O Egito teve uma redução em proporção similar, com 118 pessoas em Baku contra 57 em Belém.

A delegação do Azerbaijão na COP30 tem 135 integrantes, bem abaixo dos 995 do ano passado —redução explicada pelo fato de ter sediado a cúpula anterior.

Até a última sexta-feira (7), 27 países ainda negociavam hospedagem em Belém para o evento, segundo as estimativas da Casa Civil, e 160 haviam confirmado reservas. O número não foi atualizado depois.

O preço das diárias de hotéis na capital paraense se tornou uma crise internacional, com nações pedindo para transferir o evento a outro local. O governo brasileiro criou em 18 de agosto uma força-tarefa para contatar individualmente os países e orientar a reserva de quartos, além de ter contratado dois navios de cruzeiro para hospedar parte das delegações.


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