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Estradas na região de acidente com 41 mortos são curvas, esburacadas e pouco sinalizadas

Por Folha de São Paulo

25/11/2020 20h05 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma batida entre um ônibus e um caminhão na manhã desta quarta-feira (25) na rodovia Alfredo de Oliveira Carvalho, entre Taguaí e Taquarituba, deixou ao menos 41 mortos, sendo um dos acidentes rodoviários mais fatais da história recente do Brasil.

Avaré, de 90 mil habitantes, é a principal cidade de uma área que engloba 17 municípios, como Arandu, Cerqueira César, Águas de Santa Bárbara, Itatinga, Taguaí e Taquarituba, dentre outras. A grande maioria orbita a represa de Jurumirim, que abrange uma área inundada de 449 km², na bacia do Paranapanema.

Por ser um polo universitário e comercial, Avaré é epicentro de deslocamento dos habitantes dessas cidades menores, que têm 5.000, 10 mil, 15 mil, 20 mil habitantes. É uma região de pouca indústria, mas forte na agricultura e na pecuária.

Para quem frequenta a região, o acidente consterna, mas não surpreende.

A conservação e qualidade das estradas segue o fluxo do dinheiro, como é aliás em todo o Brasil: quanto mais ricas as cidades, melhores as vias. A SP-255, que cruza Avaré, sob o nome de rodovia João Mellão, lembra os trechos mais ricos do estado, com pedágios, asfaltos novos e conservados, olhos de gatos iluminados e até pista dupla.

No entanto, quanto mais em direção ao Paraná nos deslocamos, piores se tornam as rodovias. Trechos com pistas simples que à noite ficam totalmente escuros, mal sinalizados, esburacados, com placas antigas ou ilegíveis, sem olho de gato, muitas vezes em curvas, são comuns nas SPs que cruzam a região, como a SP-249 (palco da tragédia desta quarta), SP-268, SP-287 e SP-261, dentre outras.

Isso porque nem estamos falando das vicinais, que cortam os municípios, cujos estados de conservação são ainda piores.

Mais chocante, por sua importância, é o trecho da SP-270, a famosa Raposo Tavares, que cruza a região. Se perto de Sorocaba ela é uma rodovia “tapete”, na região de Avaré ela mais parece um asfalto periférico, totalmente esburacado e remendado. Em vários trechos é preciso invadir a pista no sentido contrário para conseguir andar sem estragar o veículo. Ultrapassar um caminhão sempre dá aquela acelerada no coração.

Essas estradas perigosas não são privilégios das 17 cidades da região avareense. Se você vai um pouco mais longe, em direção a Itapeva, Ourinhos e Riversul, a situação é parecida. Sempre importante lembrar que o estado de São Paulo é o mais rico da nação.

Ônibus lotados de estudantes saem dessas cidades diariamente para as faculdades de Avaré. É um alívio que outros acidentes tão graves não sejam mais rotineiros. E espera-se que essa tragédia sirva ao menos para melhorar a qualidade das estradas.

Depois da publicação deste texto, a Secretaria Estadual de Logística e Transportes de São Paulo se manifestou dizendo que a reportagem "induz o leitor a achar que o acidente desta quarta-feira (25) foi causado por problemas na SP 249. Cabe esclarecer dois pontos: 1- os motivos da tragédia ainda estão sendo investigados; 2- o trecho onde ocorreu um acidente, no km 172,6, possui boa sinalização horizontal e vertical e boas condições de trafegabilidade, sem buracos. Não há, portanto, nenhum indicativo de que problemas na rodovia tenham sido os causadores do acidente, como quer sugerir o relato".

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