SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Dezenas de ciclistas se reuniram às 7h desta sexta-feira (14) em frente ao Parque do Povo, na zona oeste de São Paulo, para homenagear Vitor Medrado, 46, morto no local na manhã anterior.

Vitor era personal trainer e dava aulas de ciclismo. Ele costumava pedalar na região do parque.

Carregando rosas e lírios brancos, que foram deixados sobre o local do crime, os presentes choravam, compartilhavam lembranças sobre Medrado e demonstravam preocupação a respeito da segurança na região.

"Podia ter sido qualquer um. Muita gente passa o dia pedalando na rua", disse Marília Ruiz, 43, ex-aluna de Medrado.

"É um absurdo o que aconteceu. Um absurdo termos medo de sair em uma região nobre", disse Gisele Gasparotto, ex-companheira do ciclista, que, segundo ela "era muito amável e querido por todos".

Moradores da rua Brigadeiro Haroldo Veloso, onde o crime ocorreu, também se juntaram à homenagem e cobraram medidas para proteger quem passa pela via. Segundo eles, casos de roubo têm aumentado na região.

"Moro aqui há 30 anos. Nos últimos dois, não passo uma semana sem ouvir um grito", relatou Vivian Almeida, 64.

A vereadora Renata Falzoni (PSB) também esteve o ato e afirmou ser necessária uma força tarefa da segurança municipal, estadual e até federal para proteger a população daquela área.

Por volta das 6h10 de quinta (13), Vitor Medrado, conhecido como Vitão ou Mineirinho, estava parado na calçada da rua Brigadeiro Haroldo Veloso e aparentava mexer no celular, quando dois homens chegaram em um moto e o abordaram.

Imagens mostram que a ação durou poucos segundos. Antes mesmo de a pessoa que estava na garupa descer da moto, o ciclista caiu no chão, baleado. O criminoso ainda revistou Medrado, e depois subiu na moto e fugiu.

O personal chegou a ser socorrido ao Hospital das Clínicas, mas não resistiu.

Segundo a polícia, Vitor foi atingido na região do pescoço. O caso foi registrado como latrocínio –roubo seguido de morte– no 14º DP (Pinheiros).

A Polícia Civil investiga se a dupla de ladrões é a mesma que baleou outra vítima em uma rua a cerca de três quilômetros de distância, por volta das 11h. A moto usada nos dois crimes tem a mesma placa —que é clonada.

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública informou que analisa a relação entre os dois casos. "As diligências estão em andamento para identificar e prender os autores. O patrulhamento na região foi intensificado", informou em nota.

O corpo do ciclista foi velado na manhã desta sexta-feira e seguiu para ser enterrado em Santa Luzia (MG), sua cidade natal.

INVESTIGAÇÃO

A Polícia Civil ainda não identificou os criminosos. Uma operação foi realizada em Paraisópolis, favela na zona oeste de São Paulo, na tarde desta quinta-feira, com cães farejadores. Ninguém foi preso.

A mulher de Medrado, além de duas testemunhas, devem ser ouvidas nos próximos dias, incluindo o médico que treinava no parque no momento do crime e prestou os primeiros socorros antes da chegada dos paramédicos.

A morte do ciclista é investigada por três departamentos diferentes: o 15º Distrito Policial (Itaim Bibi) e o 3º Cerco (Corpo Especial de Repressão ao Crime Organizado da 3ª Seccional), além de policiais do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) e do Dope (Departamento de Operações Policiais Estratégicas).