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Campeão mundial de jiu-jitsu, Leandro Lo é baleado na cabeça em clube de SP

Por Folha de São Paulo

07/08/2022 19h03 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O campeão mundial de jiu-jitsu Leandro Lo foi baleado, na madrugada deste domingo (7), e teve a morte cerebral confirmada. O lutador assistia, com amigos e família, ao show do Grupo Pixote, no Clube Sírio, na avenida Indianópolis, na zona sul de São Paulo. Após um desentendimento, Lo foi baleado na cabeça.

O suspeito de ter feito o disparo foi um policial militar de folga, de 30 anos, Henrique Otavio Oliveira Velozo se entregou no início da noite deste domingo após a Justiça decretar a sua prisão temporário de 30 dias.

O advogado da família Ivã Siqueira Junior afirma que, segundo testemunhas, o desentendimento teve início após um homem entrar na roda de amigos de Lo, pegar uma garrafa de bebida e começar a chacoalhá-la. Ao mesmo tempo, o homem estaria encarando o lutador, como forma de provocação.

Lo teria, então, derrubado o homem e o imobilizado. Outras pessoas se aproximaram e separaram a briga, sem ter havido agressões, segundo relatos de testemunhas às quais o advogado da família teve acesso.

O homem teria, então, sacado uma arma e, de frente para a vítima, atirado uma única vez na cabeça do lutador, que foi atingido na testa. O atirador teria ainda chutado duas vezes a cabeça de Lo, enquanto este estava caído no chão, segundo colegas do campeão mundial.

Lo chegou a receber os primeiros socorros de um médico no local, que buscou reanimá-lo e, em seguida, foi levado ao Hospital Municipal Dr. Arthur Ribeiro de Saboya. A família não autorizou a Secretaria Municipal da Saúde a passar informações do lutador.

"A Polícia Militar lamenta o ocorrido. A instituição instaurou uma apuração administrativa e colabora com as buscas para localizar o autor", afirma a Secretaria da Segurança Pública, em nota.

Em suas redes sociais, o clube Sírio disse que se solidariza com a família do lutador pelo "lamentável incidente ocorrido" durante um evento "realizado por terceiros". A instituição também informou que colabora com as autoridades responsáveis pela investigação.

O Grupo Pixote também se manifestou sobre o ocorrido e escreveu, nas redes sociais, que lamenta "profundamente o ocorrido ontem a noite no Clube Sírio onde estávamos nos apresentando". "Nossos sentimentos aos familiares e amigos do lutador Leandro Lo. Desejamos luz e paz neste momento", escreveu a banda.

Paulistano e filho de um boxeador, Leandro Lo no início treinou pugilismo, depois karatê e capoeira até que na adolescência migrou para o jiu-jitsu. Na sua vitoriosa carreira, ele foi campeão mundial em cinco diferentes categorias. No próximo dia 12 iria disputar mais um campeonato em em Austin, nos EUA.

O lutador de MMA Demian Maia, especialista em jiu-jitsu, prestou homenagem a Lo e sua família em redes sociais. "Muito mais importante do que como você se foi é como você viveu. E que vida você teve. Descanse em paz Leandro", postou Maia.

A violência da madrugada deste domingo causou comoção entre lutadores, confederações e entidades envolvidas com o jiu-jitsu, além de fãs, que se manifestaram pelas redes sociais.

Segundo conhecidos do campeão mundial, o atirador era faixa roxa de jiu-jitsu e, na teoria dos colegas, sabia quem era Lo.

Inúmeras pessoas ligadas ao jiu-jitsu, entre elas lutadores, estão, desde a tarde deste domingo, na frente do 17º DP, no Ipiranga, zona sul, na expectativa da chegada do atirador. Conforme a noite deste domingo se aproximava, carros da PM que entravam no departamento de polícia eram observados de perto e até acompanhados pelos presentes, que verificavam se o suspeito do disparo estava no veículo.

HISTÓRICO DO POLICIAL

O tenente da Polícia Militar Henrique Otavio Oliveira Velozo, apontado pela polícia e por testemunhas como autor do tiro contra Leandro Lo, tinha no histórico o envolvimento em outra confusão há cinco anos. Na época, ele foi acusado por outros policiais de agressão e desacato em uma casa noturna da capital.

Segundo a denúncia recebida pela 1ª Auditoria da Justiça Militar, no dia 27 de outubro de 2017, por volta das 4h20, Velozo estava na The Week, na Lapa, zona oeste, de folga, quando praticou violência contra outro oficial de nível hierárquico inferior, ao desferir socos em um soldado que havia sido chamado para atender a uma ocorrência no local.

De acordo com a acusação, PMs foram acionados ao endereço após Velozo se envolver em uma confusão no interior da balada. Ele alega que apenas agiu para separar sete pessoas que agrediam a um primo seu.

"Em dado momento, o soldado [a reportagem suprimiu o nome do policial] se afastou do denunciado e esticou o braço, em nítida intenção de mantê-lo a distância. Neste instante, o tenente Velozo desferiu um soco no braço do soldado. Em seguida, o denunciado desferiu outro soco, visando acertar o rosto soldado", cita trecho da denúncia.

Se mostrando "exaltado" e "nervoso", Velozo teria então passado a agredir verbalmente um outro tenente que chegou ao local, dizendo: "você é meu recruta", "seu covarde", além de diversos palavrões.

O Ministério Público optou pela condenação de Velozo por ter praticado violência contra inferior, pelos socos dados contra o soldado, e por desacato. No entanto, o tenente Velozo foi absolvido das duas acusações. Houve recurso da decisão, e o processo está em análise na segunda instância no Tribunal de Justiça Militar de São Paulo.


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