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Por Folha de São Paulo

09/10/2024 9h00 — em
Política



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Colômbia anunciou nesta terça-feira (8) a abertura de uma investigação contra o presidente Gustavo Petro, dizendo que sua campanha eleitoral de 2022 violou limites orçamentários estabelecidos na lei.

De acordo com relatórios iniciais, a campanha gastou 5,3 bilhões de pesos (cerca de R$ 7 milhões de reais) a mais do que o permitido, e parte desse dinheiro teria vindo de doações de sindicatos de petroleiros e professores. Além disso, teria omitido gastos com propaganda eleitoral e com salários de funcionários.

Em resposta, Petro afirmou em um post no X que "o golpe começou" —antes, ele disse que haveria uma tentativa de assassiná-lo ou de removê-lo do cargo por meio do Judiciário. O presidente vai ser investigado pelo CNE junto de seu chefe de campanha, Ricardo Roa, hoje presidente da estatal Ecopetrol.

Diferente do Brasil, onde o TSE pode cassar uma chapa e remover até mesmo um presidente do cargo, o CNE colombiano não tem poder de destituir Petro, e pode no máximo multá-lo. Entretanto, caso o inquérito avance, o órgão eleitoral pode recomendar um julgamento no Congresso.

Ainda assim, Petro seria julgado em uma comissão onde a coalizão governista tem maioria, o que torna improvável sua destituição. Petro nega as acusações, e sua defesa diz que o CNE busca violar o foro privilegiado presidencial.

O advogado do presidente, Héctor Carvajal, tinha antecipado em uma entrevista recente a uma emissora de rádio que não reconheceria nenhuma decisão do CNE e que tomaria as devidas medidas legais. Petro diz que o CNE é enviesado e que alguns de seus magistrados são próximos a partidos de direita.

As suspeitas de violações orçamentárias começaram em julho de 2023, quando o filho mais velho do presidente, Nicolás Petro, admitiu perante à Justiça ter recebido dinheiro de um traficante de drogas para financiar eventos de campanha na costa caribenha da Colômbia, uma região tradicionalmente de direita, mas que votou em Petro nas últimas eleições.

A confissão de Nicolás ocorreu no âmbito de uma investigação por suposta lavagem de dinheiro, pela qual o filho do presidente foi detido em julho de 2023. Nicolás Petro assegura que seu pai não sabia dessas movimentações financeiras.


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