Nota sobre Irã e Israel foi feita sem clareza da extensão do ataque, diz Mauro Vieira
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta segunda-feira (15) que o posicionamento do governo brasileiro sobre os ataques do Irã contra Israel criticado por entidades judaicas por não condenar diretamente Teerã foi elaborado num momento em que ainda não estavam claros a extensão e o alcance da ofensiva.
"Ela [nota do Itamaraty] foi feita à noite, às 23h, quando todo o movimento começou. E nós manifestamos o temor de que o assunto, o início da operação, pudesse contaminar outros países. Isso foi feito à noite, num momento em que não tínhamos claros a extensão e o alcance das medidas tomadas; e sempre fizemos um apelo para contenção e entendimento entre as partes", declarou Vieira em entrevista coletiva ao lado da chanceler da Argentina, Diana Mondino.
Em seguida, questionado se o Brasil, na manhã desta segunda e com todas as informações disponíveis, condenava os ataques iranianos, Vieira respondeu: "O Brasil condena sempre qualquer ato de violência, e o Brasil conclama sempre ao entendimento entre as partes."
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, também se pronunciou sobre os ataques do Irã a Israel após o governo Lula ser criticado pelo posicionamento da diplomacia brasileira. Ele defendeu que Tel Aviv não revide a agressão e aja com serenidade.
"Eu torço muito para que isso não evolua. Evidentemente, temos um problema com Hamas e Israel; se entra mais gente, [o conflito] pode se alastrar. Torço muito para que a reação de Israel seja amena", disse o ministro a jornalistas durante visita a instalações militares em Pernambuco.
Ainda segundo ele, presidentes e seus representantes na ONU "precisam se juntar, porque hoje as guerras não ficam limitadas aos limites de quem está na confusão".
Em comunicado divulgado na noite de sábado (13), o Itamaraty afirmou acompanhar com "grave preocupação" os "relatos de envio de drones e mísseis do Irã em direção a Israel".
A nota também apelava a todas as partes envolvidas que exercessem "máxima contenção" e conclamava "a comunidade internacional a mobilizar esforços no sentido de evitar uma escalada".
Por último, o ministério recomendava a cidadãos brasileiros que evitassem viajar para países do Oriente Médio. "O Itamaraty vem monitorando a situação dos brasileiros na região, em particular em Israel, Palestina e Líbano desde outubro passado."
O posicionamento adotado pelo Itamaraty foi criticado por entidades judaicas e pelo embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine. Em entrevista à Folha, ele disse que ficou decepcionado com a falta de uma condenação direta contra o Irã.
"Nós esperávamos algo mais decisivo [do Itamaraty]. Vamos dizer, uma condenação de um ataque desse porte contra Israel. E não aconteceu. Você viu o anúncio, e não é algo que condena esse ataque. Nós achamos que é decepcionante que não seja uma clara condenação da situação. Mas este foi o anúncio oficial do Itamaraty e temos que viver com isso. Eles precisam viver com isso", afirmou.
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