Por Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA, 2 Dez (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira que, a pedido de sua esposa, Janja da Silva, irá lançar uma campanha intensiva para lidar com a violência contra a mulher, na esteira de uma série de casos brutais contra mulheres noticiados pela mídia nos últimos dias.

Lula discursava em um evento em Pernambuco, quando relatou a reação de Janja, que chorou diante das mais recentes notícias sobre feminicídios e atos violentos contra mulheres.

"E hoje, no avião, ela pediu para mim: 'ô, Lula, assuma a responsabilidade de uma luta mais dura contra a violência do homem contra a mulher no planeta Terra'", disse Lula.

"Nós vamos fazer uma campanha. Nós vamos fazer uma campanha forte", afirmou o presidente.

Lula referia-se a casos recentes noticiados pela mídia, pelo menos dois deles em São Paulo. Em um dos casos, uma mulher foi atropelada e arrastada por 1 km por um homem no sábado. Como consequência, a vítima teve as duas pernas amputadas. Em outro episódio considerado como tentativa de feminicídio, na segunda-feira, um homem atirou na ex-companheira com duas pistolas em uma pastelaria onde ela trabalhava.

"Nós, homens, aprendemos a nascer ouvindo dos nossos pais: honre a calça que você veste'. Nós não temos que honrar a calça que nós vestimos, porque ela não está precisando de honra. O que nós estamos precisando é lição de caráter, de dignidade, de educação, de respeito às nossas companheiras -- às mulheres, porque se não fossem elas, a gente nem existia", disse Lula.

"A partir de agora eu estou no movimento dos homens que vão começar a conscientizar esse país de que um homem não nasceu para bater em mulher, para estuprar criança ou para fazer violência."

(Reportagem de Maria Carolina Marcello, em Brasília)