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Giannotti foi amigo como poucos, desses que são raros, diz FHC

Por Folha de São Paulo

27/07/2021 19h37 — em
Política



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Companheiros de geração, amigos de todas as idades, ex-alunos e políticos de diferentes espectros ideológicos lamentaram a morte do filósofo José Arthur Giannotti nesta terça-feira (27), aos 91 anos.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em mensagem no Twitter, comentou a relação de amizade que durou mais de 70 anos. Em 1958, ambos e outros intelectuais (como Paul Singer e Fernando Novais) formaram um grupo que passou a estudar "O Capital", de Karl Marx, obra que seria fundamental na trajetória acadêmica de Giannotti.

"Amigo há mais de 70 anos. Filósofo e grande leitor dos clássicos. Amigo como poucos, desses que são raros. Deixa saudades e gratidão", escreveu o ex-presidente.

Ex-alunos comentaram a impressionante vitalidade intelectual do filósofo, cuja paixão pelas ideias podia tanto encantar quanto amedrontar os mais jovens num primeiro momento.

"Ele foi meu primeiro professor na USP. Tinha uma personalidade impositiva, momentos de grande fúria diante da ignorância dos alunos. E, ao mesmo tempo, uma exigência filosófica que só um grande pensador pode ter", disse Marilena Chaui, professora emérita da Faculdade de Filosofia da USP.

"Foi pessoa de enorme paixão pelas ideias, que defendia as ideias com grande entusiasmo e alguma agressividade", relembra Maria Hermínia Tavares, professora do curso de ciência política da USP. "Foi era um intelectual no sentido mais pleno da palavra."

Giannotti formou e influenciou decisivamente diversas gerações de pesquisadores no país -alunos, orientandos, colegas do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), do qual foi um dos fundadores.

"O país perdeu seu maior filósofo, uma figura ímpar, pela inteligência, pela erudição, pela capacidade criadora. Eu perdi o mestre intelectual e o amigo querido", diz Angela Alonso, professora de sociologia da USP e pesquisadora do Cebrap.

"Foi um dos maiores pensadores brasileiros, de categoria mundial", sintetiza o sociólogo Sérgio Abranches.

O cientista político Sérgio Fausto, bolsista de um projeto do Cebrap idealizado por Giannotti no final dos anos 1980, diz que a experiência foi extraordinária. "Ele era um apaixonado pelo conhecimento e nos contagiava com isso."

Mais próximo, ao longo de sua trajetória, da ala paulista fundadora do PSDB, Giannotti não poupou críticas ao partido em muitos momentos, o que também alimentou a admiração de políticos de variadas legendas.

"Foi-se um mestre e um amigo muito querido. Uma perda irreparável", comentou o senador José Serra (PSDB-SP).

O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) afirmou que em "tempos sombrios de ignorância como vocação, sua memória se faz ainda mais importante".



"Morreu hoje José Arthur Giannotti. Amigo há mais de 70 anos. Filósofo e grande leitor dos clássicos. Amigo como poucos, desses que são raros. Deixa saudades e gratidão"

Fernando Henrique Cardoso

ex-presidente

"Foi-se um mestre e um amigo muito querido. Uma perda irreparável"

José Serra

senador (PSDB-SP)

"Giannotti foi um dos maiores pensadores brasileiros, de categoria mundial. Dedicou toda a sua longa vida intelectual ao pensamento. Tinha a capacidade de mudar de visão, quando se convencia que era o que devia fazer. Realmente um grande intelectual. Brilhante. O Brasil perde um extraordinário pensador. Gostava muito dele, intelectual e pessoalmente. Muito triste com esta perda. Lançou um livro poderoso no ano passado, aos 90 anos, 'Heidegger/ Wittgenstein: Confrontos', um livro que era bem o Giannotti, polêmico, ousado e que sempre sabia muito do que falava"

Sérgio Abranches

sociólogo

"É uma perda enorme para o pensamento brasileiro, para os estudiosos do marxismo. E é uma perda muito grande para os amigos também. Ele foi meu primeiro professor na USP. Tinha uma personalidade impositiva, momentos de grande fúria diante da ignorância dos alunos. E, ao mesmo tempo, uma exigência filosófica que só um grande pensador pode ter"

Marilena Chaui

professora emérita da Faculdade de Filosofia da USP

"Foi pessoa de enorme paixão pelas ideias, que defendia as ideias com grande entusiasmo e alguma agressividade. Convivi bastante bastante com ele. Sempre me impressionou a força do debate de ideias que o movia. Foi era um intelectual no sentido mais pleno da palavra"

Maria Hermínia Tavares

professora titular aposentada de ciência política da USP

"O país perdeu seu maior filósofo, uma figura ímpar, pela inteligência, pela erudição, pela capacidade criadora. Eu perdi o mestre intelectual e o amigo querido"

Angela Alonso

professora de sociologia da USP e pesquisadora do Cebrap

"O Brasil e a comunidade uspiana perdem um de seus grandes filósofos. Além de vasta obra, Giannotti deixa para nós um grande exemplo de como conciliar rigor intelectual e compromisso com o país"

Laura Carvalho

professora da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP

"Giannotti era dotado de uma energia intelectual inigualável. Uma usina de ideais originais que marcou a ciência social brasileira. Vai fazer uma falta danada"

Fernando Limongi

cientista político

"Fui da primeira turma do programa de bolsistas do Cebrap, de 1986 a 1988, idealizado e liderado pelo Giannotti. Tivemos uma formação interdisciplinar na área de ciências humanas. Estudamos Kant e Hegel com Giannotti. Foi uma experiência extraordinária. Ele era um apaixonado pelo conhecimento e nos contagiava com isso"

Sérgio Fausto

cientista político e superintendente da Fundação FHC

"Aos 91 anos, falece Arthur Gianotti, um dos principais nomes da filosofia brasileira. Em tempos sombrios de ignorância como vocação, sua memória se faz ainda mais importante"

Ivan Valente

deputado federal (PSOL-SP)


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