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Fórum em Londres com ministros do STF barra imprensa; 'nem a pau', diz Moraes sobre entrevista

Por Folha de São Paulo

25/04/2024 17h30 — em
Política



LONDRES, REINO UNIDO (FOLHAPRESS) - Jornalistas foram impedidos nesta quinta-feira (25) de acompanhar um evento em Londres com a participação de ao menos dez autoridades do Judiciário brasileiro, incluindo três ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), além de ministros do governo Lula (PT), o chefe da Polícia Federal, integrantes do Legislativo e o ex-presidente Michel Temer (MDB).

Denominado "1º Fórum Jurídico - Brasil de Ideias", o encontro é organizado na capital inglesa pelo Grupo Voto, presidido pela cientista política Karim Miskulin, que em 2022, às vésperas da campanha eleitoral, promoveu almoço de Jair Bolsonaro (PL) com 135 empresárias e executivas no Palácio Tangará, em São Paulo.

Na entrada do evento, o ministro do STF Gilmar Mendes afirmou à Folha de S.Paulo que não sabia da proibição à imprensa. "Isso não nos foi informado. Eu não sabia, vou me informar."

Questionado se falaria com jornalistas no final do dia, o ministro Alexandre de Moraes respondeu, entre o irônico e o bem humorado: "Nem a pau". Outro integrante do STF no evento é o ministro Dias Toffoli.

Além da Folha de S.Paulo, também foram barrados jornalistas das TVs Globo e Record.

Não foi permitido à imprensa, inclusive, permanecer no mesmo andar em que o evento ocorre, no luxuoso Hotel Peninsula, que fica ao lado do Hyde Park e cujas diárias custam acima de 900 libras (cerca de R$ 5.800).

Organizador do evento, o Grupo Voto alegou que "o fórum é um evento privado". O material de divulgação afirma que se trata de uma "missão internacional, perpetuando o espaço democrático e promovendo um diálogo construtivo em prol do avanço do Brasil".

O evento, que começou na quarta-feira (24) com uma noite de homenagens e vai até a sexta-feira (26), contará com 24 palestrantes, sendo que 21 deles exercem cargos públicos.

Também fazem parte da lista de autoridades anunciadas para os debates em Londres o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o advogado-geral da União, Jorge Messias, e o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, além do procurador-geral da República, Paulo Gonet, e integrantes do STJ (Superior Tribunal da Justiça) e do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

A reportagem apurou que há aproximadamente 50 pessoas no encontro. Os debates não terão transmissão aberta em vídeo.

Depois das palestras da manhã, autoridades brasileiras e convidados do evento foram almoçar no premiado restaurante Brooklands por Claude Bosi (duas estrelas no Guia Michelin), no 8º andar do hotel. O menu à la carte de três pratos no local custa £145 (cerca de R$ 935); o menu degustação de cinco pratos custa £175 (R$ 1.130); o menu degustação de sete pratos custa £195 (R$ 1.260) por pessoa. Uma combinação adicional de vinhos varia de £105 (R$ 680) a £205 (pouco mais de R$ 1.320) por pessoa.

O STF informou que não pagou passagens e diárias dos integrantes da corte e que só emite passagem internacional para ministros se eles forem da delegação do presidente.

O Supremo realizou sessão na quarta e o presidente do tribunal, ministro Luís Roberto Barroso, anunciou que Dias Toffoli e Moraes participariam de forma remota, mas eles não chegaram a ser chamados para votar. Nesta quinta (25), o plenário da corte se reuniu novamente e os dois ministros votaram a distância.

Karim Miskulin, presidente do grupo organizador do encontro em Londres, afirmou no início deste ano, sobre ato de Bolsonaro em São Paulo, que o ex-presidente, ainda que inelegível, "é o principal líder da direita brasileira".


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