Câmara dos Deputados vai apurar mortes dos índios waimiri-atroari
O deputado Francisco Praciano participou na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados de Audiência Pública que debateu o possível massacre de grande parte da etnia indígena waimiri-atroari, no Estado do Amazonas, durante o período compreendido entre 1972 e 1975, auge da ditadura militar no país.
A iniciativa para a audiência pública foi da deputada federal Luiza Erundina (PSB/SP), e se baseou, principalmente, em uma reportagem publicada no último mês de abril pelo jornal A Crítica.
Entre os expositores na Audiência Pública estavam o ex-indigenista do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e morador do município de Presidente Figueiredo, Egydio Schwade, e a jornalista amazonense Elaíze Farias, autora da reportagem sobre o desaparecimento dos índios.
“O massacre dos waimiri-atroari aconteceu por etapas e envolveu diferentes órgãos do regime militar”, diz o ex-indigenista Egydio Schwade, 76, um dos principais agentes da mobilização que tenta tornar público esse episódio e provocar a inclusão dos waimiri-atroari nas investigações da Comissão Nacional da Verdade, criada em novembro de 2011 pela Presidência da República. Desde o início de 2011, Schwade passou a divulgar uma série de artigos em seu blog sobre os episódios que envolveram a violenta ocupação das terras dos waimiri-atroari. De acordo com os relatos de Schwade, cerca de dois mil índios teriam sido massacrados, entre 1972 e 1975, pelo fato de se oporem à construção da BR-174.
Em sua fala, na Audiência Pública, Praciano relatou aos presentes a dramática situação vivida, hoje, pela população indígena do Vale do Javari, que já acumula centenas de mortes nos últimos dez anos devido a doenças como tuberculose e hepatite.
Ao final da Audiência, a deputada Luíza Erundina informou que o primeiro passo da Comissão de Direitos Humanos, a partir de agora, será a busca de informações junto a órgãos federais como a Eletrobras e a Funai, para que seja apurado, definitivamente, tudo o que aconteceu com os waimiri-atroari no período da construção da BR-174 e que antecedeu a construção da usina hidrelétrica de Balbina.
