Trump diz que republicana opositora deveria ter armas apontadas contra ela
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Às vésperas das eleições dos Estados Unidos, o ex-presidente Donald Trump disse em uma entrevista na quinta-feira (31) que a ex-deputada Liz Cheney, que foi sua opositora no Partido Republicano, deveria ser enviada a uma zona de combate com armas apontadas para a cara dela.
"Ela é radicalmente pró-guerra. Vamos colocá-la com um fuzil na mão com nove armas atirando contra ela. Vamos ver se ela gosta quando as armas estão apontadas para a cara dela", disse Trump em uma conversa com o jornalista conservador Tucker Carlson no estado do Arizona. Alguns veículos de imprensa dos EUA afirmaram que a menção a nove armas seria uma referência a um pelotão de fuzilamento.
Cheney é filha do ex-vice-presidente Dick Cheney e uma das principais adversárias de Trump no Partido Republicano desde 2020. Ela foi uma das poucas deputadas da agremiação a votar a favor do impeachment do então presidente após o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
Além disso, ela presidiu o comitê que investigou a invasão na Câmara dos Deputados, aprovando um relatório final que apontava Trump como responsável pelo ocorrido e pedia seu indiciamento. Ela não se reelegeu deputada nas eleições de 2022 e foi expulsa de posições de liderança do partido.
Trump criticou Cheney e outros políticos que apoiam o envolvimento americano em conflitos no exterior. "Eles são todos pró-guerra quando estão sentados em prédios bonitos em Washington, dizendo 'bem, vamos mandar 10 mil soldados diretamente contra o inimigo'".
Nesta sexta-feira (1º), a procuradora-geral do estado do Arizona, Kris Mayes, do Partido Democrata, disse que vai abrir uma investigação contra Trump, afirmando que a declaração pode se enquadrar como uma ameaça contra a vida de Cheney de acordo com as leis estaduais.
"Não sabemos ainda se [a fala de Trump] ultrapassou a linha da liberdade de expressão, mas é muito preocupante. É o tipo de coisa que agita as pessoas e deixa a situação no nosso estado e em outros muito perigosa", disse Mayes.
Liz Cheney está fazendo campanha para Kamala Harris na eleição com uma mensagem voltada a mulheres republicanas preocupadas com as posições antiaborto de Trump. Cheney vem dizendo que "ninguém precisa saber" do voto, incentivando mulheres a não se deixarem influenciar por seus maridos pró-Trump.
"É assim que ditadores destroem países livres", disse a ex-deputada em uma rede social. "Eles ameaçam seus opositores com a morte. Não podemos confiar nosso país a um homem mesquinho, vingativo, cruel e instável que quer ser um tirano."
Em uma conversa rápida com a imprensa nessa sexta, Kamala criticou a fala de Trump, dizendo que ela o desqualifica de ser presidente dos EUA. "Qualquer um que queira ser presidente e use retórica violenta como essa não está apto ao cargo."
Mais tarde, Trump rejeitou as críticas em uma publicação na Truth Social, sua rede social. "Tudo o que eu disse é que Liz Cheney é uma política pró-guerra burra que não teria coragem de entrar em combate ela mesma."
Quando ainda eram aliados, Cheney pressionou Trump a manter as Forças Armadas americanas envolvidas na Síria e foi favorável a permitir que a CIA voltasse a usar "técnicas avançadas de interrogatório", um eufemismo para a tortura praticada pelos EUA nas guerras que lutou no Oriente Médio.
A ex-deputada é a principal cotada para um cargo de primeiro escalão em um eventual governo Kamala, uma vez que a vice-presidente já prometeu incluir um republicano em seu gabinete ministerial em uma tentativa de conquistar eleitores centristas.
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