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Protesto impede deportação de refugiados para barca na costa do Reino Unido

Por Folha de São Paulo

02/05/2024 18h31 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A polícia britânica prendeu 45 pessoas nesta quinta-feira (2) durante uma manifestação contra a transferência de refugiados de um hotel em Londres para uma barca na costa do Reino Unido, onde aguardariam o resultado do processo de asilo.

Centenas de pessoas se concentraram ao redor do hotel para impedir que os refugiados fossem levados embora de ônibus, e a polícia disse que os pneus do veículo chegaram a ser furados. Depois de horas de impasse entre agentes de segurança e manifestantes, o governo desistiu de retirar os refugiados do hotel nesta quinta, e o ônibus foi embora vazio.

Os manifestantes foram presos acusados de obstruir a via pública, interferir no trabalho da polícia e agredir agentes de segurança. Ninguém ficou ferido. O ministro do Interior do Reino Unido, James Cleverly, disse em um post no X que o contribuinte britânico "paga milhões de libras todos os dias para alojar migrantes em hotéis". "Nós não permitiremos que um pequeno grupo de estudantes posando para as redes sociais nos impeçam de fazer o que é certo para o povo do Reino Unido".

O primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, tem feito do combate à imigração ilegal sua principal bandeira política a medida que o país se aproxima das próximas eleições gerais. O pleito ainda não tem data marcada, mas deve acontecer entre o segundo semestre de 2024 e o início de 2025, e a oposição, liderada pelo Partido Trabalhista, lidera as pesquisas eleitorais.

Com o mote "pare os barcos", em referência aos imigrantes que atravessam o Canal da Mancha em pequenas embarcações, Sunak liderou uma ofensiva no Parlamento e no Judiciário para aprovar um controverso plano de deportar refugiados de diversas nacionalidades para Ruanda, na África Oriental, para que seus casos possam ser avaliados lá, e não em território britânico. A lei recebeu aval do Parlamento britânico no dia 22 de abril.

Mais de 7.500 migrantes chegaram ao Reino Unido em pequenos barcos que atravessam o canal da Mancha neste ano --um recorde histórico. O governo diz que a nova medida vai dissuadir as pessoas de fazer a perigosa travessia, na qual cinco pessoas morreram na semana passada, um dia depois da aprovação da nova legislação.

O texto chegou a ser suspenso pela Suprema Corte britânica, que disse que Ruanda não é um país seguro para muitos refugiados -mas o governo Sunak lidou com o retrocesso aprovando uma nova lei que declarava que o país africano era, sim, seguro, e anunciou na quarta-feira (1º) que começou a prender pessoas que serão enviadas para Ruanda.

Outra parte do plano contra a imigração ilegal envolve retirar refugiados que aguardam pela definição de seus pedidos de asilo de hotéis e colocá-los em barcas na costa britânica ou em instalações militares. Uma dessas barcas é a Bibby Stocholm, inaugurada em 2023 e duramente criticada por organizações de direitos humanos, que a compararam a uma prisão flutuante. De acordo como jornal The Telegraph, 300 pessoas já estão detidas na balsa, que tem capacidade para cerca de 400.

Era para essa barca que os imigrantes que seriam retirados do hotel em Londres nesta quinta seriam levados. De acordo com o jornal The Guardian, a maioria deles eram adolescentes que frequentam universidades em Londres.


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