ASCOLI PICENO, Itália – Em um dia nacional de luto, a Itália fez neste sábado um funeral em massa de 35 das até agora 290 vítimas confirmadas do terremoto que devastou a região central do país na última quarta-feira. A cerimônia na cidade de Ascoli Piceno contou com a presença de diversos líderes políticos, como o presidente Sergio Mattarella, que sobrevoou a região de helicóptero para ver os danos, e o primeiro-ministro Matteo Renzi.

- Não tenham medo de mostrar seu sofrimento, pois temos visto muito sofrimento, mas peço a vocês que não percam sua coragem - disse o bispo Giovanni D'Ercole durante a homilia da missa celebrada em um ginásio lotado. - Só unidos poderemos reconstruir nossas casas e igrejas. Acima de tudo, juntos podemos trazer a vida de volta para nossas comunidades – acrescentou na fala em frente a um crucifixo empoeirado recuperado de uma das dezenas de igrejas destruídas pelo sismo.

Enquanto isso, as equipes de resgate continuam a buscar por sobreviventes, cujas chances de serem encontrados com vida diminuem a cada minuto. Uma das últimas pessoas retiradas vivas dos escombros é uma menina chamada Giorgia, que completou quatro anos de idade justamente neste sábado. Sua irmã Giulia, no entanto, ocupava um pequeno caixão entre os enfileirados no funeral deste sábado.

Em Amatrice, mais nove corpos foram recuperados ainda neste sábado dos escombros de construções que desabaram, incluindo três nas ruínas do Hotel Roma, elevando para 230 o número de mortos, entre moradores e turistas, só nesta cidade, a mais afetada pelo sismo. Entre os estrangeiros mortos estão ao menos seis romenos, três britânicos, uma mulher espanhola, um canadense e um albanês. A região de Amatrice é um popular destino de férias e as autoridades locais ainda lutam para descobrir quantos turistas estavam na cidade quando o terremoto aconteceu.

O funeral em massa em Ascoli Piceno atraiu centenas de familiares dos mortos, que chegaram para a missa horas antes de seu início para lamentar a perda dos entes queridos. Muitos permaneceram sentados em cadeiras ou ficaram ajoelhados no chão junto aos caixões, com seus braços apoiados neles. Alguns também traziam nas mãos porta-retratos com fotos das vítimas. À medida que os nomes dos mortos foram lidos na missa, centenas de pessoas reunidas do lado de fora do ginásio romperam em aplausos em um sinal de solidariedade com as famílias.

- Mesmo não conhecendo elas (as vítimas), meu coração está partido. Meus pensamentos estão com

elas porque tem pessoas que perderam tudo, suas casas e entes queridos - disse Luciana Cavicchiuni, uma moradora local. - Estas coisas não deviam acontecer.

Novos funerais coletivos devem ser realizados na Itália nos próximos dias, incluindo na capital Roma, de onde vieram quase 50 das vítimas confirmadas até agora. Até o momento, as autoridades italianas identificaram ao todo 181 delas. A mais nova tinha apenas cinco meses de idade, enquanto a mais velha contava 93 anos.