Especialistas em relações internacionais alertam que a confirmação da operação da CIA na Venezuela, autorizada pelo presidente Donald Trump, representa um perigoso precedente que pode justificar novas intervenções militares dos Estados Unidos na América Latina. Segundo analistas ouvidos pela Agência Brasil, a medida viola o direito internacional, ameaça a estabilidade regional e tem como verdadeiro objetivo o controle das gigantescas reservas de petróleo venezuelanas.

O professor Roberto Goulart Menezes, da Universidade de Brasília, classificou a situação como “catastrófica” e afirmou que há apreensão entre governos vizinhos, como o do Brasil e da Colômbia. A professora Camila Vidal, da Universidade Federal de Santa Catarina, reforçou que a interferência é ilegal e pode ter consequências graves na fronteira brasileira, por se tratar de uma ação de guerra em país limítrofe.

O historiador Rodolfo Queiroz Laterza destacou que as ações de Washington podem ser replicadas contra outros países latino-americanos que contrariem interesses norte-americanos. Para ele, o argumento de combate às drogas usado por Trump é frágil e encobre a intenção de garantir influência sobre a maior reserva petrolífera do mundo. Menezes concorda e lembra que a Venezuela é estratégica para a geopolítica energética do Caribe.

Ainda conforme os especialistas, uma eventual queda de Nicolás Maduro pode desencadear uma guerra civil, com aumento da instabilidade regional e do fluxo migratório. Eles alertam que a ofensiva de Trump repete práticas de “guerra híbrida” e reforça a histórica tensão entre Caracas e Washington, reavivando uma disputa que mistura poder político, recursos naturais e influência sobre o futuro da América Latina.