WASHINGTON - A falta de sintonia de Donald Trump com seu partido é amplamente conhecida. Durante a campanha, diversos nomes importantes do Partido Republicano se afastaram do candidato que coleciona polêmicas e fizeram questão de esclarecer que não concordavam com as controversas afirmações do magnata. No entanto, as diferenças nos discursos não se limitam aos correligionários. Trump e sua chefe de campanha, Kellyanne Conway têm, nos últimos dias, desmentido um ao outro em suas declarações.

No domingo, Kellyanne esteve no programa “Meet the Press” da rede NBC, no qual reconheceu que Trump estava atrás de Hillary Clinton nas pesquisas. Na manhã do dia seguinte, o magnata parecia concordar com a afirmação, mas à tarde, mudou o discurso e repetiu diversas vezes que liderava as intenções de voto, acusando os institutos de pesquisa de “entrevistarem somente democratas”.

Kellyanne tentou amenizar declarações de Trump nas quais ele levantou a possibilidade de fraude eleitoral, afirmou que colocaria Hillary na cadeia se fosse eleito e se referiu a imigrantes mexicanos como “hombres malvados”. E a cada tentativa de apaziguar os ânimos, o bilionário republicano reafirmou o que havia dito anteriormente.

Na imprensa americana, analistas se perguntam se as intervenções da chefe de campanha não são uma tentativa de endireitar o discurso de um candidato que reage impulsivamente ao que vê nas TVs, revistas e jornais. Alguns concluem que na verdade ela defende não o candidato republicano que disputa a Presidência, mas sim o candidato que ela gostaria que ele fosse.

Em entrevista à CNN, Kellyanne — a terceira a comandar a campanha de Trump — reconhece que o polêmico empresário tem seus melhores momentos quando fala sobre questões políticas, e não quando ataca mulheres que dizem ter sido assediadas por ele.

— Ao assumir a campanha, disse a ele que brigaríamos um com o outro até que ele vencesse — conta Kellyanne, que jura ser dura com Trump nos momentos privados. — Ele respondeu: “OK, querida. Então venceremos”.