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Convidada por Biden, líder brasileira diz que desmonte de políticas indígenas piorou com Bolsonaro

Por Folha de São Paulo

21/04/2021 22h03 — em
Mundo



BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Convidada para participar da Cúpula de Líderes sobre o Clima, Sinéia do Vale, gestora ambiental do Conselho Indígena de Roraima, disse à reportagem que o desmonte de políticas voltadas para as comunidades indígenas no Brasil piorou durante o governo Jair Bolsonaro.

Ela, que será a única brasileira além do presidente a participar do evento internacional, queixa-se da redução de espaços de participação e de interlocução que os indígenas têm junto ao governo.

"Enquanto comunidade, enquanto movimento indígena, nós não paramos. Continuamos fazendo o trabalho, nós estamos criando o espaço para que a gente possa ter nossa voz sempre em evidência", diz.

Sinéia deve participar do painel "Ação Climática em Todos os Níveis", focado na ação da sociedade civil e de governos locais no combate a mudanças climáticas. Michael Regan, administrador da Agência de Proteção Ambiental dos EUA, será o anfitrião do evento, que ocorre horas depois da fala de Bolsonaro.

Sobre os pedidos de financiamento feito pelo governo Bolsoanaro à comunidade internacional, Sinéia afirma que o importante é que os recursos "cheguem à ponta". "Os países que investem nessa questão de fundos de conservação, na implementação de ações que diminuam a questão de emissões, com certeza já têm uma avalição do Brasil. Eles vão averiguar", afirma. "O importante é que o dinheiro também chegue à ponta, para fazer a diferença para quem realmente está trabalhando e cuidando da questão ambiental."

Sinéia disse ainda que pretende levar ao encontro a experiência das comunidades indígenas no enfrentamento ao aquecimento global, já que sua organização trabalha aferindo como as mudanças climáticas afetam a caça, a pesca e a vida social e cultural dos povos tradicionais em Roraima.

"Estou formatando a mensagem, mas quero levar principalmente a estratégia dos povos indígenas na questão do enfrentamento às mudanças climáticas, o que a gente tem feito", afirma.

Ela conta já ter participado de outros eventos internacionais, mas que o convite atual da assessoria da cúpula chegou de forma inesperada, por e-mail. "Achei o evento interessante, não sabia a dimensão."

O governo Bolsonaro soube na terça-feira (20) da participação de Sinéia, ao receber a programação oficial do evento. A cúpula foi arquitetada para ser o marco do retorno dos EUA ao combate ao aquecimento global, agenda abandonada pelo ex-presidente Donald Trump.

Quarenta chefes de Estado foram convidados para dois dias de debates virtuais, dos quais também participarão líderes empresariais e da sociedade civil. O presidente americano Joe Biden quer usar o encontro para mostrar que a meta de limitar o aquecimento global a 1,5 ºC é um dos pilares da atuação de sua administração em política externa. Também funcionará como uma prévia da COP26, reunião global sobre o clima que acontece em Glasgow, na Escócia, em novembro.

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