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Chefe do Itamaraty pede 'máxima contenção' ao Irã após ataque atribuído a Israel

Por Folha de São Paulo

19/04/2024 16h30 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP 9FOLHAPRESS0 - O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, pediu "máxima contenção" ao regime do Irã após os ataques atribuídos a Israel contra o país persa, na madrugada desta sexta-feira (19), em episódio que aumentou o temor de um conflito mais amplo no Oriente Médio.

Vieira conversou com seu homólogo iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, em encontro bilateral na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York. "O Brasil apela a todas as partes envolvidas que exerçam máxima contenção e conclama a comunidade internacional a mobilizar esforços no sentido de evitar uma escalada", disse nota divulgada pelo Itamaraty. "Esse apelo foi transmitido diretamente pelo ministro Mauro Vieira ao chanceler do Irã."

O iraniano, por sua vez, disse ser necessário interromper "os crimes do regime sionista [termo usado para se referir a Israel]" e estabelecer um "cessar-fogo duradouro" para que a região possa ter estabilidade e segurança, segundo a agência de notícias Reuters.

Mais cedo, Abdollahian minimizou a ofensiva contra o território iraniano ao dizer que não haviam sido registrados vítimas nem danos. "Os apoiadores do regime sionista na imprensa, em um esforço desesperado, tentaram transformar a derrota em vitória, mas os minidrones foram derrubados e não causaram danos nem vítimas", afirmou ele.

Analistas dizem que o ataque desta sexta parece ter tido como alvo uma base da Força Aérea iraniana perto da cidade de Isfahan, na região central do país. O local escolhido, próximo de instalações nucleares, teria sido uma mensagem de Israel sobre o alcance de seu poderio militar, ainda que Tel Aviv não tenha usado aviões ou mísseis balísticos.

O regime iraniano disse que seus sistemas de defesa abateram três drones sobre uma base. Tel Aviv não se manifestou sobre o episódio, uma possível retaliação ao ataque feito pelo Irã com mísseis e drones no último sábado (13) contra o território israelense.

A nota do governo brasileiro sobre o ataque do Irã contra Israel no último dia 13, por sua vez, havia sido criticada por entidades judaicas. Na ocasião, o Itamaraty divulgou comunicado dizendo que o Brasil acompanha "com grave preocupação" o lançamento de drones e mísseis em território israelense, mas não condenou Teerã.

Dias depois, Vieira afirmou que o posicionamento do governo brasileiro sobre o ataque foi elaborado num momento em que ainda não estavam claros a extensão e o alcance da ofensiva.

Entidades judaicas vêm criticando os posicionamentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do Itamaraty desde os ataques terroristas do Hamas em Israel, em outubro do ano passado, e a subsequente guerra em Gaza.

Em fevereiro, Lula comparou as ações militares de Israel na Faixa de Gaza a um genocídio e fez um paralelo com o extermínio de judeus promovido por Adolf Hitler. "Sabe, o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus", afirmou o petista.

As declarações levaram o Ministério das Relações Exteriores do governo de Binyamin Netanyahu a declarar o líder brasileiro "persona non grata".


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