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Após críticas sobre cota de refugiados, Casa Branca recua e adia anúncio para maio

Por Folha de São Paulo

16/04/2021 19h35 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em resposta a críticas de democratas e de ativistas dos direitos humanos, o governo dos EUA recuou nesta sexta (16) de manter baixo o limite para o número de refugiados que podem entrar no país -em mais um capítulo da crise imigratória enfrentada pela gestão de Joe Biden.

A Casa Branca tinha informado que o presidente assinaria uma ordem executiva para manter a cota de 15 mil estrangeiros em busca de refúgio, mesmo número estabelecido pelo ex-presidente Donald Trump e o mais baixo desde a criação do programa para refugiados no país, em 1980.

Mas a assinatura foi suspensa, e a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse à tarde que Biden estabelecerá um novo limite final até 15 de maio. Ela não informou o número, mas adiantou que ele deve ficar abaixo dos 62.500 que haviam sido prometidos pela gestão democrata em fevereiro.

"Dado o dizimado programa de admissão de refugiados que herdamos e os encargos do Escritório de Reassentamento de Refugiados, sua meta inicial de 62.500 parece improvável", disse.

Ao deixar a Casa Branca, o ex-presidente Barack Obama estipulou que até 110 mil pessoas poderiam ser acolhidas em 2017. Nos anos seguintes, Trump foi reduzindo o número gradativamente e chegou ao limite de 15 mil como parte de sua agenda anti-imigração.

Apesar de manter o mesmo número de vagas, Biden ampliaria a lista de países elegíveis ao pedido de refúgio. O programa do republicano havia dado prioridade aos iraquianos que trabalharam para os militares dos EUA, principalmente cristãos, que enfrentam perseguição religiosa.

Com o novo plano, o governo receberia refugiados com base na região da qual estão fugindo -retornando ao sistema usado antes das mudanças de Trump.

Os 15 mil pedidos de refúgio seriam alocados da seguinte forma: 7.000 para a África, 1.000 para o Leste Asiático, 1.500 para a Europa e a Ásia Central, 3.000 para a América Latina e o Caribe, 1.500 para o Oriente e o sul da Ásia. Sobrariam 1.000 para demais grupos.

O vaivém da decisão ocorre enquanto os EUA enfrentam uma forte alta no número de imigrantes que tentam entrar de modo irregular. Só no mês de fevereiro, 100.441 pessoas foram detidas ou expulsas na fronteira com o México, de acordo com dados do Serviço de Alfândega e Proteção das Fronteiras (CBP, na sigla em inglês). O número representa o maior total mensal desde a crise na fronteira americana em 2019.

Ainda que a situação na fronteira dos Estados Unidos seja diferente do programa de refúgio, há preocupações crescentes de que o aumento das travessias de fronteira já havia sobrecarregado o setor de refugiados do Departamento de Saúde e Serviços Humanos.

Manter o nível de admissões da era Trump deixaria milhares de refugiados que foram aprovados para viajar para os EUA presos em campos ao redor do mundo.

Enquanto aqueles que pisam em solo americano têm o direito legal de solicitar asilo e podem eventualmente comparecer perante um juiz de imigração, os refugiados que solicitam proteção no exterior são forçados a passar por vários níveis de verificação que muitas vezes podem levar anos.

O Conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, disse mais cedo nesta sexta que os EUA precisam "reconstruir seu programa de reassentamento de refugiados". "Usaremos todas as 15 mil vagas e trabalharemos com o Congresso para aumentar as admissões e voltar aos números com os quais nos comprometemos", escreveu em suas redes sociais.

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