SÃO PAULO, 15 Dez (Reuters) - A exportação de café do Brasil no acumulado dos dez primeiros dias úteis de dezembro registrou queda de 5,1% na comparação com a média do mesmo mês no ano passado, indicando um recuo menos intenso na comparação com meses anteriores, após a retirada da tarifa pelo governo Donald Trump, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) nesta segunda-feira.

Em novembro, um mês ainda afetado pela tarifa dos Estados Unidos, que chegou a 50%, os embarques tiveram queda de 25,6% na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo números da Secex. Em agosto, quando começaram a vigorar as taxas norte-americanas, suspensas na parte final do mês passado, os embarques nacionais do grão despencaram 31%.

Para dezembro, os números preliminares indicam um recuo mais ameno, com os embarques no período de dez dias somando 9.125 toneladas por dia em média, ante 9.612 toneladas/dia em dezembro de 2024, com o setor no maior exportador global ainda lidando com uma menor disponibilidade de café arábica após uma safra abaixo do potencial em 2025.

O Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé) do Brasil projetou que os embarques de café para os EUA, tradicionalmente o principal mercado do produto brasileiro, deverão registrar "melhoras" em dezembro após a retirada da taxação mais alta no dia 20 do mês passado, com impacto nas exportações totais.

Embora seja esperada "melhora" da demanda norte-americana, a disponibilidade para exportação do Brasil até o final do ano-safra é de cerca de 3,5 milhões de sacas/mês, ou seja, mais limitada que no ano-safra anterior devido à menor produção de arábica 2025/26 e diante dos baixos estoques de passagem, afirmou o Itaú BBA em relatório nesta segunda-feira.

SOJA, MILHO E AÇÚCAR

No caso da soja, ao contrário do café, a disponibilidade para exportação seguiu mais elevada em 2025 após a colheita recorde, com os embarques brasileiros no pico da entressafra mostrando força ainda em dezembro.

As exportações atingiram 165 mil toneladas ao dia nos dez primeiros dias de dezembro, um salto de mais de 70% na comparação com o mesmo período do ano anterior.

No caso do milho, o avanço das exportações pela média diária é de 43,2%, para 290,9 mil toneladas ao dia, também embalado pela colheita recorde.

Os embarques de açúcar avançaram neste início de dezembro quase 19%, enquanto outros produtos como carne bovina mantiveram a força, saltando quase 50%, com maior demanda de vários países ao longo do ano, notadamente da China.

(Por Roberto Samora)