Brasil ganha confiança a um ano da Copa, Espanha preocupa
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afp.com / Juan Barreto
RIO DE JANEIRO (AFP) - A seleção brasileira, que chegou à Copa das Confederações desacreditada, deu um show de bola no último domingo no Maracanã ao atropelar por 3 a 0 a atual campeã mundial Espanha, que mostrou-se bem abaixo do seu nível habitual.
Ainda é cedo para falar de uma possível passagem de bastão, mas o Brasil se credenciou como um forte candidato ao hexacampeonato na Copa do Mundo que também disputará em casa em 2014.
. O Brasil rumo ao hexa
"Antes, eu era muito sacaneado na Europa em função dos maus resultados do Brasil, mas acho que a partir de hoje, vão começar a nos ver com outros olhos". Essa declaração do capitão Thiago Silva resume o novo espírito da seleção brasileira.
Desde o fracasso da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, a equipe não convencia. Sem precisar disputar eliminatórias para a Copa de 2014 por ser a seleção anfitriã, teve que se contentar com amistosos, às vezes de interesse duvidoso, diante de equipes pouco expressivas, como Iraque ou China. A vitória por 3 a 0 sobre a França no último jogo antes da Copa das Confederações foi a primeira sobre um adversário de peso em três anos e meio.
Desde que assumiu o comando no lugar de Mano Menezes, no fim do ano passado, Luiz Felipe Scolari conseguiu achar sua equipe ideal, com Hulk, Oscar e Neymar posicionados atrás do artilheiro Fred, que anotou nove gols em dez partidas sob o comando do técnico do penta.
Neymar, que sempre foi protegido por Felipão diante das cobranças, honrou a camisa 10, que passou a usar no início do mês de junho (antes, usava a 11, tanto na seleção quanto no Santos). O novo atacante do Barcelona finalmente mostrou todo seu talento com a camisa da seleção, tendo atuações de altíssimo nível na Copa das Confederações. O craque de 21 anos marcou quatro golaços, um deles na final, e foi eleito com muita justiça melhor jogador do torneio.
Um dos principais lemas de Felipão é a busca do "equilíbrio" entre a disciplina tática e a qualidade técnica natural do futebol brasileiro. "Hoje, começamos o caminho para ter uma equipe em 2014 que possa brigar de igual para igual com os melhores", declarou o treinador depois da final de domingo". No entanto, tanto os jogadores quanto Felipão fazem questão de "manter os pés no chão".
"Estamos muito felizes com a conquista, mas agora temos que olhar para frente. Isso é só uma parte do caminho. Não podemos dizer que já chegamos lá por termos ganhado a Copa das Confederações. Em 2009, tive a felicidade de ganhar essa competição, mas na Copa do Mundo do ano seguinte, fomos eliminados nas quartas de final, então tudo o que fizemos não serviu de nada", lembrou Daniel Alves.
. A Espanha sem fôlego
Ainda é cedo para afirmar que a Espanha já está chegando ao fim de um ciclo vitorioso, mas os comandados do técnico Vicente Del Bosque não conseguiram impor seu toque de bola quando enfrentaram adversários mais difíceis. Contra a Itália, foi dominada no primeiro tempo e só levou a melhor na disputa de pênaltis após o empate sem gols no tempo normal e na prorrogação. Na final contra o Brasil, sofreu uma humilhante derrota por 3 a 0 sob os gritos de 'Olé' da torcida que lotou o Maracanã.
Mesmo assim, o fracasso na Copa das Confederações não é necessariamente sinônimo de crise. Em 2009, a 'Roja' também fez feio na competição, perdendo por 2 a 0 para os Estados Unidos nas semifinais, e mesmo assim conseguiu conquistar o primeiro título mundial da sua história no ano seguinte na África do Sul.
"Não ficamos felizes, claro que não, temos que analisar a derrota, mas nossos antecedentes permitem que tenhamos otimismo. Temos bons jogadores, um estilo de jogo definido e não temos que mudar tudo por causa de uma derrota que, aliás, foi merecida", explicou o técnico Vicente Del Bosque
Os espanhóis sofreram bastante com o desgaste físico depois da exaustiva temporada europeia na qual Real Madrid e Barcelona, que fornecem a maioria dos jogadores da seleção, foram eliminados por clubes alemães (Borussia Dortmund e Bayern de Munique) nas semifinais da Liga dos Campeões. Assim como o Bayern, que atropelou o Barça por 7 a 0 no placar agregado, o Brasil conseguiu se impor fisicamente, com muita agressividade e pressão intensa desde o início da partida.
"Depois do primeiro gol, eles pressionaram muito no campo inteiro, com faltas não violentas, mas contínuas, que impediram a continuidade do nosso jogo", analisou Del Bosque.
Além disso, a 'Roja' teve um dia a menos de descanso do que o Brasil e ainda precisou disputar a prorrogação contra a Itália nas semifinais. Mesmo assim os titulares disputaram um jogo a menos, já que foram poupados na goleada histórica sobre o Taiti.
"Não soubemos nos adaptar à situação", resumiu Fernando Torres.
A seleção espanhol precisa renovar seu setor ofensivo. Torres ganhou a chuteira de ouro de artilheiro da competição (com os mesmos cinco gols de Fred, vencendo no critério de desempate por ter passado menos tempo em campo), mas quatro deles foram marcados contra a modesta seleção do Taiti. Até mesmo Xavi, o cérebro da equipe, deixou claro que aos 33 anos não está no auge da sua forma.
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ASSUNTOS: futebol, Esportes