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MP pede retirada de Bandeira de Mello de processo por incêndio no Ninho do Urubu

Por Folha de São Paulo

04/02/2025 10h15 — em
Esportes


Escombros do Ninho do Urubu após incêndio que matou dez jovens da base. Foto: Divulgação/ José Augusto Bezerra

RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) - O Ministério Público do Rio (MP-RJ) pediu que o ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, seja retirado da lista de acusados do processo criminal que apura a responsabilidade pelo incêndio no Ninho do Urubu.

O requerimento feito nesta segunda-feira (3) pela promotora Roberta Dias Laplace ainda será apreciado pelo juiz do caso.

A medida envolve uma questão técnica e, se for adiante, vai livrar Bandeira do processo antes mesmo do julgamento do mérito da questão.

O MP considera que o caso prescreveu em relação a Bandeira e ele não pode mais ser punido.

À reportagem, o ex-presidente do Flamengo se diz surpreso e afirma que as provas já apontavam para sua inocência.

QUAL É O EMBASAMENTO DO MP?

Há uma convergência de duas situações.

Uma é o prazo para prescrição dos crimes nos quais Bandeira e os outros acusados foram enquadrados. A segunda é a idade do ex-cartola do Flamengo.

As penas máximas dos dois artigos do Código Penal usados no caso são de quatro (art. 250 — incêndio culposo) e três anos (art. 258) de reclusão.

A prescrição é de oito anos. Desde que o acusado em questão não seja menor de 21 anos na data do crime ou tenha mais do que 70 anos quando a sentença for proferida.

Para esses casos, a prescrição cai para a metade —quatro anos.

É justamente o cenário envolvendo Bandeira, que já completou 71 anos e fará 72 em março deste ano.

Foi por isso que o MP pediu a "extinção de punibilidade" do ex-presidente do Flamengo.

O QUE BANDEIRA DIZ A RESPEITO

"Foi com surpresa que recebi a notícia do incomum pedido de reconhecimento de prescrição feito pela Promotoria. Afinal, estávamos há mais de 100 dias aguardando que eles apresentassem suas alegações finais e permitissem o julgamento do caso. Agora, o órgão que me acusou não parece interessado em uma decisão do Judiciário.

Após mais de 4 anos de processo, todas as provas produzidas apontam a minha inocência. Prefiro acreditar que não, mas talvez isso explique a demora da Promotoria para apresentar as suas alegações finais e a agilidade do mesmo órgão em pedir essa prescrição.

Da minha parte e de minha equipe de defesa, sempre houve efetiva colaboração com a Justiça na busca pelas causas dessa tragédia. Atos protelatórios que visassem uma possível prescrição nunca foram opções para nós. Não por acaso, minha equipe de defesa sempre atuou em estrito cumprimento dos prazos estabelecidos a fim de promover a celeridade do processo.

Após 6 anos de dor, entendo que todos merecemos uma resposta que possa aplacar, ainda que minimamente, esse imenso sofrimento. Partes, torcedores, público em geral e, principalmente, as famílias das vítimas merecem essa resposta.

Sigo confiando no trabalho sério da Justiça e convicto da minha inocência".

A TRAGÉDIA E A POLÍTICA

O incêndio no Ninho do Urubu aconteceu em 8 de fevereiro de 2019. Dez jogadores da base do Flamengo morreram na ocasião.

O processo tem outros réus: Márcio Garotti, ex-diretor financeiro do Flamengo, Marcelo Sá, engenheiro do Flamengo; Claudia Pereira Rodrigues, Weslley Gimenes, Danilo da Silva Duarte e Fabio Hilário da Silva, da NHJ (empresa que forneceu os contêineres); e Edson Colman da Silva, técnico em refrigeração.

Bandeira de Mello atualmente é deputado federal. Na política rubro-negra, apoiou recentemente o candidato Mauricio Gomes de Mattos na eleição presidencial do Fla. Mas isso não foi suficiente para levá-lo à vitória.


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