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Fim dos Jogos deixa Paris com otimismo e incertezas

Por Folha de São Paulo

09/09/2024 15h15 — em
Esportes



PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) - Nesta segunda-feira (9), o balão gigante com a pira olímpica e paralímpica não subiria aos céus de Paris ao cair da noite. Continua, porém, no Jardim das Tulherias, pelo menos enquanto não se decide o que fazer dele, como um símbolo de tudo que ainda é incerto no legado dos Jogos encerrados no último domingo (8).

Os indícios do evento recém-terminado estão por toda parte em Paris. As principais avenidas continuam decoradas com flâmulas coloridas. As arenas provisórias ainda estão sendo desmontadas. A festa não acabou: no próximo sábado (14), todos os medalhistas franceses nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos desfilarão na avenida dos Champs-Elysées e serão recebidos pelo presidente Emmanuel Macron.

Para os parisienses, a mudança mais bem-vinda, nesta segunda, foi a volta da passagem de metrô a 2,15 euros (cerca de R$ 13); durante os Jogos, ela custou exorbitantes 4 euros (R$ 25) --segundo o governo, para que os forasteiros ajudassem a pagar a conta da festa.

Os anéis olímpicos gigantes de aço continuam na Torre Eiffel. Inicialmente, a prefeita Anne Hidalgo anunciou que ali permaneceriam para sempre. A declaração desagradou alguns, inclusive os descendentes do criador do monumento, o engenheiro Gustave Eiffel. Fala-se agora em mantê-los apenas até começar a próxima edição dos Jogos, em 2028, em Los Angeles. Sobre os "agitos", o equivalente paralímpico instalado no Arco do Triunfo, nada foi oficialmente dito.

Outra incerteza tem a ver com a contabilidade final do evento. Globalmente, o efeito parece ter sido positivo para a economia francesa. O Banco da França, banco central francês, anunciou que deve rever para mais sua previsão de crescimento de 0,8% para 2024, em parte devido ao "sucesso dos Jogos Olímpicos", segundo o governador da instituição, François Villeroy de Galhau.

Os organizadores se gabam de números impressionantes. Os 12 milhões de ingressos vendidos, olímpicos e paralímpicos, representam um novo recorde, superando os 10,9 milhões de Londres-2012. Foram comercializados mais de 1 milhão de mascotes, os Phryges.

Mas nem todo mundo ficou feliz. Muitos comerciantes disseram ter sido prejudicados pelos Jogos, principalmente os situados no "perímetro de segurança" ao longo do rio Sena, cujo acesso foi fortemente limitado na semana que antecedeu a cerimônia de abertura. O faturamento teria caído 60%. O governo criou uma "comissão de indenização" para estudar um possível ressarcimento.

O movimento também caiu em algumas das principais atrações turísticas de Paris, durante os Jogos: o Museu do Louvre anunciou uma queda de 22%. Disneyland Paris não divulgou números, mas confirmou que as intermináveis filas do parque ficaram menores nas últimas semanas.

Quarenta mil empregos temporários também desapareceram com o fim do evento, segundo Valérie Pécresse, presidente do conselho regional que abrange Paris. Ela anunciou a criação de uma plataforma digital para ajudar essas pessoas a encontrarem trabalho.

Pécresse também anunciou, tardiamente, um projeto para instalar rampas e elevadores nas estações de metrô mais antigas de Paris. Caso se concretize, seria um importante legado da conscientização despertada pelos atletas paralímpicos. Eles postaram vídeos nas redes sociais, mostrando a dificuldade para subir ou descer escadas no metrô. Segundo o governo, o índice de acessibilidade para deficientes, no metrô parisiense, é de 56%, muito inferior ao dos trens (95%) e dos ônibus (100%) da capital francesa.


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