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Bruno vira goleiro na várzea no interior, e autógrafo rende tatuagem em fã

Por Folha de São Paulo

14/02/2025 8h45 — em
Esportes



SÃO JOÃO DA BARRA, RJ (UOL/FOLHAPRESS) - Condenado por planejar e participar do sequestro e assassinato de Eliza Samudio, em 2010, Bruno está em liberdade condicional, mas longe do glamour da elite do futebol e do luxo que seu período no Flamengo lhe proporcionou. Na várzea, porém, ele ainda é tietado e tratado como um astro mesmo após o caso que chocou o país.

O UOL esteve na última quarta-feira (12) no Campeonato de Verão de Futebol do Açu, torneio amador de São João da Barra (RJ), cidade do interior do Rio de Janeiro. É por lá que Bruno defende o Independente de Mato Escuro.

Naquela noite, o goleiro foi poupado pois seu time já estava classificado de maneira antecipada para as semifinais da competição, mas mesmo assim ele atraiu fãs.

Um deles -curiosamente também com nome de Bruno- despertava bastante atenção: ele ostenta uma grande tatuagem com o rosto do goleiro em sua panturrilha esquerda. Além disso, vestia a camisa personalizada de Bruno que o Flamengo fez em 2009. Para completar o "kit fã", ainda exibe uma foto do ex-camisa 1 da Gávea em sua proteção de tela do celular.

Admirador confesso, ele surpreendeu Bruno com um pedido inusitado no jogo da semana passada: autografar sua perna para tatuar também a assinatura logo abaixo do desenho do rosto. A promessa foi cumprida e, enquanto conversava com o UOL, exibia o local ainda avermelhado por causa do procedimento.

"Esperei anos por este momento. Sempre fui muito fã dele. Depois do que aconteceu (assassinato de Eliza Samudio), eu dei uma parada, mas um tempo depois voltei a idolatrá-lo. Eu o adicionei no Instagram, depois nos falamos por telefone e avisei que viria aqui para pegar o autógrafo para a tatuagem e também para tirar uma foto", disse Bruno Bueno, fã do goleiro Bruno.

]BRUNO AINDA NÃO SOFREU GOLS E SEU TIME ESTÁ INVICTO

Bruno ainda não sofreu gols e seu time está invicto

Bruno ainda não sofreu gols nos três jogos que disputou. Além disso, seu time lidera de maneira invicta a competição. Para muitos, o goleiro de 40 anos ainda faz bastante diferença atuando na várzea.

"Apostei aqui que ele não vai sofrer gol a competição inteira", disse um torcedor que assistia à partida em uma cadeira de praia.

O UOL conversou com um companheiro de equipe de Bruno. Ele pediu para não se identificar, mas elogiou o colega: "Ele é um cara tranquilo. Nos orienta e é uma liderança no nosso time, além de ter muita qualidade embaixo das traves".

PREMIAÇÃO DE R$ 4,7 MIL E JOGO INTERROMPIDO POR FALTA DE LUZ

O glamour dos tempos de profissional ficou para trás, assim como as bonificações. No Campeonato de Verão de Futebol do Açu a premiação prometida para o time campeão é de R$ 4,7 mil a ser repartido entre todos os jogadores.

Todas as partidas do torneio são disputadas no campo Geraldo Nunes Barreto, no distrito de Açu, com grama desnivelada e sem arquibancada. Na noite de quarta-feira (12), por exemplo, cerca de 100 pessoas acompanhavam a peleja sentados em cadeiras de praia ou de plástico ao redor do gramado, que é separado por uma grade. Um bar, uma carrocinha de pipoca e outra de churrasquinho abasteciam a turma com comes e bebes.

O aguardado jogo, porém, começou atrasado e durou apenas um tempo. Isso porque faltou luz no intervalo, quando a partida estava em 0 a 0. A energia não voltou mais.

A arbitragem ainda foi paciente e esperou cerca de meia hora, tempo este que um jogador do Juventude -adversário do time de Bruno- aproveitou para matar a fome na lateral do campo com um pratinho de churrasquinho, arroz, farofa e molho vinagrete.

Sem a volta da iluminação, o juiz apitou o fim do jogo, para decepção do público presente. A prefeitura ainda não informou se a partida será retomada ou será decretado o empate.

BRUNO TRABALHA COMO ENTREGADOR DE MÓVEIS

As atuações como goleiro na várzea do interior do Rio de Janeiro são um "bico" para Bruno. Atualmente, o ex-Flamengo trabalha como entregador de móveis na Região dos Lagos (RJ).

Em setembro de 2024, um vídeo seu executando a função viralizou nas redes sociais e poucos dias depois o UOL esteve na loja "Casa Unimar", onde ele presta serviço e é funcionário há mais de um ano.

Quem trabalha no estabelecimento se referiu a ele com elogios: "pontual", "dedicado" e que "não dá trabalho". Apesar disso, ninguém topou gravar os depoimentos e ser identificado.

Uma das funcionárias ouvidas era uma mulher e, mesmo com o histórico de Bruno, saiu em defesa do companheiro de trabalho.

O Bruno é uma pessoa trabalhadora. Nunca nos deu trabalho. Está tentando recomeçar sua vida

Bruno tem tentado ser discreto em sua vida fora das grades. Suas aparições na loja -para recolher móveis e colocar no caminhão- são feitas sem muito alarde. Alguns o reconhecem, outros têm receio, mas muitos custam a acreditar que ele é o famoso ex-goleiro.

Tem gente que fica olhando e não acredita que é o Bruno. Depois que ele vai embora, alguns perguntam se ele é o Bruno mesmo. Alguns acham que é brincadeira quando você diz que é o próprio

Vendedor da loja de móveis


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