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Barbieri busca título pelo RB Bragantino para mudar de patamar

Por Folha de São Paulo

21/09/2021 11h34 — em
Esportes



SANTOS, SP (FOLHAPRESS) - Maurício Barbieri, 40, estava há 41 dias à frente do Red Bull Bragantino, com apenas uma vitória em oito partidas disputadas, quando se reencontrou com o Flamengo, no Maracanã, em 15 de outubro do ano passado.

Enquanto o time ocupava a zona de rebaixamento, a equipe carioca, que havia dirigido por quase seis meses em 2018, liderava novamente o Campeonato Brasileiro. Tinha tudo para ser mais um tropeço.

O jogo, contudo, se transformou em uma espécie de chave de ignição para uma retomada improvável do clube, recém-promovido à Série A. Também valeu como uma afirmação pessoal a Barbieri.

"Já apresentávamos evolução de rendimento, mas naquele jogo em especial os jogadores entenderam que poderíamos competir com qualquer equipe com o nosso jogo de intensidade", diz à Folha de S.Paulo.

O time terminaria o Brasileiro na décima colocação, classificado à Sul-Americana, e teria Claudinho, hoje no Zenit, como artilheiro e recordista de premiações ao final do campeonato.

Hoje o técnico mais longevo entre as 20 equipes da primeira divisão nacional -completou um ano no cargo no último dia 4 de setembro-, Barbieri ainda precisa conviver com desconfianças e a pecha de treinador apenas para equipes de menor expressão.

"Não sei muito o que responder. Fico tão concentrado no trabalho que não percebo tanto essas coisas. Acho que o contexto geral estimula uma postura mais conservadora dos treinadores mesmo. No fim do mês, todos temos contas a pagar, mas aqui consigo fazer algo diferente porque o clube tem clareza do que quer", explica.

"E basta ver um pouco quem era o Claudinho até a minha chegada. Ou o Helinho, o Artur, o Raul... não pode ser sorte", acrescenta.

O time de Bragança Paulista ocupa a quinta colocação no Brasileiro, mas é na Copa Sul-Americana que tenta fazer história. A equipe enfrenta o Libertad (PAR), nesta quarta-feira (20), às 19h15 (Conmebol TV transmite), no estádio Nabi Abi Chedid, pela primeira partida da semifinal da competição. Um título afirmaria de vez clube e treinador.

"Sem dúvida, esse título pode mudar muita coisa. Não vai mudar a pessoa que sou, mas a maneira como as pessoas me veem. Isso não tenho dúvida, é assim em qualquer canto do mundo e no Brasil. O treinador é avaliado pelo que conquista. Se formos campeões, tudo muda", conta.

Barbieri busca afirmação desde o início da carreira, no começo dos anos 2000. Precoce como técnico, não jogou futebol profissionalmente e usou a formação acadêmica de bacharel em esporte como uma espécie de compensação para essa lacuna. Era comum vê-lo cercado por livros e pesquisas científicas.

"Eu precisava buscar experiências e vivências que quem jogou tem, mas de outra maneira, e a maneira mais fácil era estudar".

No período, chegou a ficar pouco mais de um ano em Portugal para um estágio nas categorias de base do Porto, onde diz ter aprendido, principalmente, a metodologia que utiliza para a organização de treinamentos.

Aflorou no curso e na passagem pela Europa o gosto pela leitura. Atualmente, por exemplo, lê o livro "Blink", de Malcom Gladwell, baseado em fundamentos científicos, que fala sobre escolhas e decisões, além de "Mindset, a Nova Psicologia do Sucesso", de Carol S. Dweck, sobre liderança e atitude mental.

"Gosto de construir referências. E na época da faculdade encontrávamos muita dificuldade porque a literatura esportiva era mais escassa, com poucas bibliografias", argumenta.

No clube, Barbieri tem como hábito chegar próximo ao horário do almoço para ver vídeos e separar materiais que possam ajudá-lo com o próximo adversário. A atividade da equipe só inicia às 15h30.

São comuns, também, reuniões com a diretoria para falar sobre o desenvolvimento de jogadores e com a comissão técnica para entender erros e acertos do jogo anterior. Deixa o clube quase duas horas após o fim de cada treino.

"O clube pensa diferente. Quando cheguei, a conversa foi de que o objetivo principal era não ser rebaixado, mas que queriam um futebol intenso e agressivo. Ficou claro para mim o que queriam e me deu tranquilidade fazer exatamente o que pediam, mesmo sem resultados", conta.

A chegada ao cargo no Flamengo, em 2018, e, consequentemente, a apresentação ao maior público, trouxeram o destaque. Barbieri começou a carreira em 2004, nos times de base do extinto Pão de Açúcar, que posteriormente passou a se chamar Audax.

Virou auxiliar-técnico do profissional em 2010 e ganhou as primeiras oportunidades mais relevantes na franquia carioca do Audax e no Red Bull Brasil, hoje Red Bull Bragantino, em 2013, clube pelo qual conquistou o acesso à Série A2 do Campeonato Paulista. Tinha apenas 32 anos na época.


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