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RATTUS RATTUS


Por Flávio Lauria

09/09/2023 21h10 — em
Espaço Crítico



Na essência, bandidos, mensaleiros, empresários e políticos corruptos são delinquentes, e em comum, têm a certeza da impunidade. Agora, vamos às diferenças.

Os bandidos atacam as instituições de arma em punho e assassinam bárbara e frontalmente dedicados funcionários no exercício da defesa do cidadão, mensaleiros e políticos corruptos atacam de mandato popular em punho e assassinam por inanição os que dependem do “escasso” dinheiro público tendo como cúmplices servidores corruptos que deviam zelar pelo patrimônio público.

Os chefes e mentores dos bandidos são refugiados no labirinto das favelas ou inquilinos de presídios de segurança máxima, os chefes e mentores de mensaleiros são inquilinos de palácios ou moram em mansões de vergonha mínima.

Os bandidos estão espalhados pelo País, agindo sob impulso de uma criminalidade rastaquera ou sob orientação do crime organizado, cujos tentáculos abraçam autoridades públicas, os mensaleiros e políticos corruptos estão concentrados em Brasília (mas nem sempre) e não precisam de tentáculos para envolver as autoridades: eles são as autoridades.

Os bandidos nascem, crescem e se formam na universidade do crime. São personagens da sociologia da delinquência. E têm três possibilidades no exercício da profissão: morrem pelas armas da polícia, dos concorrentes, comandam o crime dos presídios ou sob a proteção de um fantástico aparato de segurança, mensaleiros e corruptos nascem, crescem e se formam, não necessariamente no mundo do crime, têm acesso à engrenagem da política, usam coletes da impunidade assegurada em norma constitucional e tendem a morrer de morte morrida ou morte matada pelo acúmulo de colesterol, hipertensos, roliços e empanturrados de comes e bebes.

Os bandidos enfrentam a organização estatal, usando a tática covarde da surpresa, da guerrilha urbana, do terrorismo, exterminando obstáculos para garantir a permanência da ação criminosa, mensaleiros e políticos corruptos se aninham na organização estatal, ora como cracas (crustáceos artrópodes e hermafroditas) incrustadas no poder, ora como sanguessugas, (vermes anelídeos) com ventosas grudadas no tesouro nacional, driblando obstáculos do presente para se tornar exterminadores do futuro.

No mundo dos bichos mais encorpados, os bandidos teriam a astúcia e o veneno mortal das serpentes, a força e a agilidade dos felinos, a ferocidade das hienas, os mensaleiros e corruptos assumiriam o polimorfismo dos ratos. Proliferam espécies nocivas, integrantes das 600 famílias do mamífero roedor.

Brasília está infestada de Rattus rattus, o rato-preto, ratazana traiçoeira que transmite tifo, toxoplasmose, bubônica, a peste da roubalheira geral e têm apetite insaciável tal qual mensaleiros e corruptos Dos inocentes ratos aos roedores atuais, os Rattus rattus brasiliensis assumiram várias formas: quem não lembra dos anões do orçamento, Rattus rattus orçamentarius, Rattus rattus emendantes, Rattus rattus publicitarius, Rattus rattus pretrolium. É uma praga com enorme variedade.

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