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Os príncipes trocados


Por Flávio Lauria

20/09/2023 9h36 — em
Espaço Crítico



Confesso que não ia escrever sobre esse assunto, mas tendo sido professor de centenas de alunos incluindo Direito e Administração, sinto a obrigação de mostrar a mediocridade de um advogado em Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao tentar com sua retórica medíocre e para aparecer em redes sociais, confundir Maquiavel com Antoine Exupéry.

Cidadão brasileiro que não se angustiar com o que está acontecendo no Brasil contemporâneo, é cínico, cúmplice ou disleriado civicamente. Estudante universitário abilolado é flagrado tirando onda com a polícia, programas de televisão onde o nível neuronial máximo exigido é o asinino, assassinato em praça pública não registrado porque a geringonça eletrônica não estava funcionando, presidiário eleito vereador e frequentando sessões da câmara com ares de socialmente comprometido, prefeito de uma cidade do interior do Amazonas, cometendo corrupção provada, batendo em mulher, no Presidente da Assembleia, e vota ao poder, arroto de baixo-clero parlamentar dizendo que vai para o outro lado se não lhe derem benefícios, armas e munições recolhidas apenas de cidadãos respeitados, vice-prefeito sendo enchilindrado por descarada falsificação, bolsa-família beneficiando milhares de não-pobres e nepotismo descaradamente praticado e justificado diante de milhões de brasileiros.

Mas voltando ao advogado, que com certeza não leu nenhum dos dois livros nem O Príncipe nem O Pequeno Príncipe, primeiro porque Maquiavel nunca afirmou que os fins justificam os meios em seu livro, e depois porque O Pequeno Príncipe é uma obra literária lida até hoje, que conta a historia da amizade entre um homem frustrado por ninguém compreender os seus desenhos, com um principezinho que habita um asteroide no espaço, debatendo outras questões filosóficas, a perda da inocência e fantasia ao longo dos anos conforme as pessoas vão crescendo e abandonando a infância, e quando ele cita Maquiavel com a frase nunca dita por ele, Maquiavel se referia aos príncipes e os aconselha , e está se referindo aos monarcas, aos governantes, que fazem parte de um governo hereditário concentrando poder em si mesmos, como acontece em alguns países hoje em dia. Uma mediocridade, mas que mostra como os bacharéis em direito são formados em nossas Universidades, eu além de não lhes informar quase nada, não os ensina a ler.

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