Compartilhe este texto

Governo pode antecipar concessão de aeroportos, afirma Meirelles

Por Agência O Globo

26/08/2017 18h08 — em
Economia


Foto: Reprodução

BRASÍLIA - Na semana em que o governo anunciou um amplo programa de privatizações e concessões, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou ao GLOBO que algumas das receitas obtidas com essas operações podem ser antecipadas para ajudar a fechar as contas de 2017. Uma possibilidade seria acelerar a privatização da Eletrobras e as concessões de alguns aeroportos. Meirelles disse ainda que a proposta de reforma da Previdência é “o plano A, B e C” do governo, mas admitiu que, se ela for desidratada pelo Congresso, a equipe econômica vai avaliar medidas alternativas que não dependam do quórum qualificado necessário para aprovar uma proposta de emenda constitucional (PEC).

Podemos discutir com o Congresso medidas que tenham outro tipo de quórum. Mas não temos ainda um plano. Foi uma colocação conceitual. O que temos é uma proposta de reforma que foi aprovada pela comissão especial da Câmara. O país vai ter que enfrentar as consequências caso não seja aprovada uma reforma aceitável. Várias outras legislações teriam que ser discutidas, e, em último caso, fazer outra reforma da Previdência. Sem ela, o país se torna ingovernável. Isso vai gerar taxas de juros maiores, risco maior, mais incerteza, menor confiança e menos capacidade de crescer.

No momento, não estamos analisando isso. O melhor é aprovar essa que está no relatório. Ela é o nosso plano A, B e C. Agora, vamos supor que não seja aprovada: o país vai ter que enfrentar esse problema. Algumas questões podem ser tratadas infraconstitucionalmente. Vamos analisar se existe essa possibilidade no futuro.

O relatório da comissão especial assegura 75% dos benefícios fiscais da proposta original. Isso é aceitável. Evidentemente, cada proposta de mudança tem uma conta, e temos isso como base para a negociação. Acho mais correto dizer que vamos defender a aprovação da proposta de forma mais integral possível. Mas vamos supor que não seja aprovada assim. Aí vamos ter que fazer as contas e ver que resultado tem.

É fundamental que seja cumprida a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), no caso de uma das usinas, e do STJ (Superior Tribunal de Justiça), no caso de outras duas usinas. A princípio, vamos leiloá-las conforme manda a decisão judicial. A Cemig tem as condições de disputar os leilões, mas teria que levantar recursos no mercado. Se conseguir, não temos nada contra. O que precisamos é assegurar os direitos da União.

Pode antecipar concessões, como a de aeroportos? Tudo bem. Estamos trabalhando com outras possibilidades. Estamos atuando em várias frentes. Pode ser que os leilões de aeroportos e outros processos de privatização gerem recursos até superiores ao que está orçado. Estamos acelerando tudo o máximo possível.

Pode antecipar. Podemos trabalhar com maior celeridade com a “descotização” das hidrelétricas da Eletrobras (retirada de usinas do sistema de cotas de energia, passo necessário para a privatização). Há um leque de alternativas.

Não estamos contemplando aumento de impostos.

Não existe a hipótese de se oferecer ativos por um valor menor do que poderiam valer. Em nenhuma hipótese isso acontecerá. Vamos maximizar valores nas condições de mercado. O IPO (abertura de capital) do IRB foi suspenso porque se concluiu que o valor de mercado não estava adequado. Se existisse uma preocupação única com antecipação de receita, ele teria sido feito. Este conjunto (de privatizações) não tem por finalidade antecipar receita, mas assegurar melhores serviços à população e uma economia mais produtiva e mais eficiente. A conclusão é que o Estado empreendedor e empresário que permaneceu um tempo no Brasil não se mostrou bem-sucedido. Muito pelo contrário.

Ela vai muito bem. Não há problema. Mas a questão é olhar isso a longo prazo. Questões de tecnologia, aporte de capital. Se olharmos, a quantidade de cédulas que entraram em circulação no Brasil caiu mais de 60% por causa da digitalização cada vez maior que está acontecendo nos meios de pagamento. Se olharmos à frente, isso reduz receita potencial. Mas, na Casa da Moeda, não é uma decisão de privatizar. Há uma decisão de estudar.

Correios ainda não estão na mesa para discussão.

Tem que haver uma indicação para as empresas de que o melhor negócio é pagar impostos em dia. Se tem Refis com perdão completo (como propõe o relator), estaremos dando uma mensagem para as empresas de que o melhor negócio é não pagar imposto. Isso não é aceitável e causa prejuízo grande ao país. Temos alguns pressupostos que são viabilizar uma arrecadação que justifique o Refis e deixar claro que o melhor negócio é pagar imposto.

A MP tem validade até setembro. Mas, se entrarmos em setembro sem um acordo, não será possível para os contribuintes aderirem ao programa (a adesão vai até o próximo dia 31). Mesmo assim, vamos continuar negociando. Se for extinta, quem aderiu, aderiu.

 

Acho possível sim. No Brasil, é normal que todos estejam focados no curto prazo. Mas alguns economistas já começam a olhar à frente e a observar que, com a aprovação da reforma da Previdência e com o cumprimento do teto de gastos, num horizonte mais longo, vamos ter superávits maiores. Minha resposta a eles é que é um excelente problema. Aí vamos poder, de fato, discutir redução da carga tributária.

 

Pode ser, mas ainda não estamos na fase de sentar na mesa e decidir. Mas os nossos cálculos mostram que ela (regra de ouro) vai ser cumprida.

 

O BC publicou uma medida do IBC-BR de 0,5% que é muito positiva. O IBGE tem uma metodologia diferente, mas, a médio prazo, as duas convergem. Vamos ver o IBGE. Acredito que deve ser taxa menor do que 0,5%, mas vamos aguardar.

 

Suponho. Vamos ver. Espero que sim. O que é relevante é que o país já tem indicadores de crescimento na margem. Este ano, já houve geração líquida de emprego. O país já está voltando a crescer. Nossa expectativa para o último trimestre de 2017 comparado com último de 2016 é um crescimento em torno de 2%.

 

É importante falar a médio prazo: segundo semestre deste ano e primeiro do próximo. Os juros já estão mais baixos, o hiato do produto (diferença entre o PIB corrente e o PIB potencial) está elevado (mais que 5%), isto é, existe muita capacidade ociosa na economia. Estes fatores historicamente levam a crescimento. Além disso, a necessária diminuição do endividamento das empresas já parece completo. Portanto, não há nada segurando o crescimento cíclico. Por isso, prevemos ritmo de 2% em 2018, com viés de alta, podendo chegar próximo de 3%.

 

São duas fases: uma reforma de PIS/Cofins, que vamos encaminhar nas próximas semanas, e um projeto mais abrangente. Há uma proposta na comissão especial da Câmara na qual já temos uma visão do que os parlamentares pensam. Isso tem impacto relevante, porque mesmo que a reforma seja neutra, muda muito a tributação setorial e temos de olhar isso com cuidado. Esperamos que até o fim do ano tenhamos um formato de proposta.


Siga-nos no
O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

ASSUNTOS: aeroportos, Brasil, privatização, Economia

+ Economia