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Com PIB parado no fim de 2023, Lula e Haddad destacam crescimento anual além do previsto

Por Folha de São Paulo

01/03/2024 19h30 — em
Economia



BRASÍLIA, DF, SÃO PAULO, SP E MANUS, AM (FOLHAPRESS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ministro Fernando Haddad (Fazenda) e o vice-presidente Geraldo Alckmin disseram, nesta sexta-feira (1º), que o governo foi surpreendido positivamente com o crescimento da economia em 2023 após o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) superar as expectativas do início do mandato.

Os dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta manhã apontam para uma alta acumulada de 2,9% no ano fechado de 2023. No segundo semestre do ano passado, porém, o PIB ficou estagnado.

O presidente, que está em viagem oficial a São Vicente e Granadinas, foi às redes sociais comemorar o resultado. "O PIB do Brasil cresceu 2,9% em 2023, segundo o IBGE. Vocês lembram que a previsão de alguns era 0,9%? Crescemos bem mais que o previsto e vamos continuar trabalhando para crescer com qualidade e pela melhora de vida de todos", afirmou Lula, no X (antigo Twitter).

Haddad também destacou, durante entrevista em São Paulo, o desempenho do PIB e reforçou a necessidade de o país investir para crescer mais.

"Fazendo um retrospecto do ano passado, o PIB veio bem acima do que nós esperávamos. Se você resgatar as primeiras declarações que nós demos [em 2023], era de que o PIB seria superior a 2%. E nós quase chegamos a 3% de crescimento", afirmou o ministro.

Ele lembrou que, à época, a estimativa do governo federal era tida como muito otimista pelo mercado, que previa um crescimento abaixo de 1%.

"Muita gente imaginava que, em virtude da política monetária muito restritiva, o PIB do segundo semestre do ano passado ia cair. A taxa de juros continua das mais altas do mundo, o PIB desacelerou, mas não o suficiente para nos tirar do entorno dos 3%", disse Haddad.

A Selic começou o governo Lula 3 a 13,75% ao ano, uma das maiores taxas de juros reais do mundo. Atualmente, está em ciclo de queda, a 11,25%. "Então, fechar a 2,9% é bastante positivo para o Brasil", disse Haddad.

Apesar da estagnação do PIB nos dois últimos trimestres, Haddad destacou a ligeira melhora na formação bruta de capital no quarto trimestre, dado que aponta o nível de investimento no país. "Isso é bastante importante porque nós precisamos de investimento para fazer a economia rodar."

Um ponto de preocupação do governo é que o investimento no Brasil não tem acompanhado o ritmo de crescimento de outros setores. "O ano passado não foi o investimento que puxou o crescimento. Foi a produção agrícola, o consumo das famílias e do governo, as exportações", disse Haddad.

No quarto trimestre, a formação bruta de capital fixo cresceu 0,9% ante o trimestre anterior. No acumulado de 2023, porém, o indicador teve queda de 3%.

"Queremos criar o ambiente de negócio necessário para que o empresário invista fortemente porque esse investimento é que realmente melhora as condições econômicas", completou o ministro. Segundo ele, a queda nos juros deve ajudar nesse processo.

Segundo o ministro, indicadores econômicos como a inflação e mercado de trabalho abrem espaço para mais cortes na Selic.

O Ministério da Fazenda prevê retomada do crescimento do PIB no início deste ano depois da desaceleração da atividade econômica no fim de 2023. Para 2024, reafirma a expectativa de alta de 2,2% no PIB.

"Organizando as contas públicas por um lado e a política monetária atuando na mesma direção, nós temos condição de manter a projeção de 2,2% de crescimento esse ano. Tem gente já falando em mais, mas nós estamos sendo comedidos aqui nas nossas projeções", disse Haddad.

Em nota, a SPE (Secretaria de Política Econômica) fala em perspectiva de maior ritmo de expansão da atividade econômica no primeiro trimestre do ano em comparação aos três meses imediatamente anteriores.

"O resultado do PIB no 4T23 mostrou estabilidade na margem após dois trimestres consecutivos com desaceleração, sendo compatível com a perspectiva de maior ritmo de expansão da atividade no 1T24 (na comparação trimestral)", diz o texto.

Ao analisar o resultado do último trimestre de 2023, a SPE aponta que o ritmo da atividade do setor industrial voltou a avançar -puxado pelo crescimento de atividades extrativas e de construção- e projeta que a trajetória de crescimento deve continuar sendo observada neste ano pelo melhor desempenho esperado para a indústria de transformação.

No setor de serviços, considera que a atividade deixou de desacelerar na passagem entre trimestres, devendo passar a exibir maior crescimento nos três primeiros meses do ano.

Como fatores, a secretaria cita aumento da massa de rendimentos, redução da inadimplência, melhora nas condições de crédito, além de estímulo vindo do pagamento de precatórios.

Para 2024, a SPE aponta uma expectativa de expansão de 2,2% do PIB, com carrego estatístico de aproximadamente 0,2%.

A projeção é, segundo o órgão, "reflexo da menor contribuição do setor agropecuário comparativamente a 2023; da recuperação da atividade na Indústria -guiada pela retomada dos investimentos produtivos e continuidade da expansão da produção extrativa mineral; e de estabilidade no ritmo de expansão dos Serviços, com a menor contribuição de benefícios fiscais sendo compensada pelo avanço do crédito e resiliência do mercado de trabalho".

A secretaria da Fazenda afirma ainda que a perspectiva é de crescimento "mais homogêneo" entre atividades impulsionadas ou não pelo patamar de juros menos restritivos.

"Pelo lado da demanda, essa perspectiva deve se refletir em aumento da contribuição da absorção doméstica para o crescimento, com destaque para a retomada dos investimentos", diz.

Em boletim, a Secretaria Executiva do Ministério do Planejamento e Orçamento destaca a "robusta expansão" da agropecuária e a continuidade do crescimento no setor de serviços.

"O resultado do PIB em 2023 corroborou a melhoria gradativa das expectativas ao longo do ano. O crescimento do setor agropecuário foi o destaque no lado da oferta, assim como a continuidade do setor de serviços. Na ótica da demanda, deve-se destacar a elevação do consumo das famílias e do governo", diz o texto.

Ressalta também que a economia brasileira apresentou o terceiro ano consecutivo de crescimento após os efeitos da pandemia de Covid-19.

Em Manaus, durante viagem oficial, o presidente em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), repetiu o discurso de Lula e Haddad.

Ele elencou indicadores que mostram o que considera um bom momento da economia brasileira: redução do risco Brasil, queda da inflação, queda da cotação do dólar e aumento do emprego.

"O volume de comércio exterior cresceu 0,8% no mundo. No Brasil, cresceu 8,5%, dez vezes mais que a média mundial. Precisamos trabalhar mais para atrair investimento e melhorar a produtividade", disse o vice-presidente, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Alckmin participou na manhã desta sexta de reunião do conselho de administração da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus).


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