Brasil lidera América Latina em milionários e é o país mais desigual do mundo
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Brasil é líder na América Latina em número de milionários, com 433 mil pessoas possuindo fortunas superiores a US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,5 milhões), mas segue como o país mais desigual do mundo. É o que mostra o relatório anual do banco UBS, especializado na gestão de patrimônio de alta renda, que analisa a dinâmica da riqueza em 56 países.
Globalmente, o país ocupa a 19ª posição no ranking de "milionários em dólares", liderado pelos Estados Unidos, que contam com 23,8 milhões de milionários. A China vem em segundo lugar, com 6,3 milhões, seguida por França (2,8 milhões), Japão (2,7 milhões) e Alemanha (2,6 milhões).
De acordo com o levantamento divulgado nesta quarta-feira (18), em 2024, os EUA registraram um crescimento de 379 mil novos milionários -o que representa mais de mil pessoas por dia com fortuna acima do US$ 1 milhão. Os analistas do banco analisam que a estabilidade do dólar americano e o dinamismo dos mercados financeiros foram os principais contribuintes para esse crescimento. O país representa quase 40% dos milionários globais no ano passado.
O estudo do UBS também expõe uma das maiores transferências de riqueza intergeracionais e horizontais da história. A estimativa é que, nos próximos 20 a 25 anos, mais de US$ 83 trilhões (R$ 456,50 trilhões) serão movimentados globalmente. Desse montante, US$ 74 trilhões (R$ 407 trilhões) corresponderão a transferências verticais, ou seja, entre diferentes gerações, enquanto US$ 9 trilhões (R$ 48,50 trilhões) serão transferências horizontais, entre membros da mesma geração.
Nesse cenário, o Brasil se destaca como o segundo país com maior volume de fortuna a ser herdada, projetando cerca de US$ 9 trilhões. Embora bem atrás dos Estados Unidos, que lideram com mais de US$ 29 trilhões (R$ 159,50 trilhões), o Brasil supera a China, que prevê transferências de mais de US$ 5,6 trilhões (R$ 30,80 trilhões). Um dos fatores que impulsionam essa projeção para o Brasil é sua considerável população com mais de 75 anos.
RANKING DE MILIONÁRIOS
1 - Estados Unidos
2 - China
3 - França:
4 - Japão
5 - Alemanha:
6 - Reino Unido
7 - Canadá
8 - Austrália
9 - Itália
10 - Coreia do Sul
11 - Holanda
12 - Espanha
13 - Suíça
14 - Índia
15 - Taiwan
16 - Hong Kong
17 - Bélgica
18 - Suécia
**19 - Brasil**
20 - Rússia
21 - México
22 - Dinamarca
23 - Noruega
24 - Arábia Saudita
25 - Cingapura
A Grande China -que o relatório definiu como a China continental, Hong Kong e Taiwan- liderou no ano passado em indivíduos com um patrimônio líquido de US$ 100 mil a US$ 1 milhão, representando 28,2%, seguida pela Europa Ocidental com 25,4% e América do Norte com 20,9%. No entanto, a maioria das pessoas em todo o mundo estava abaixo desse limite, com mais de 80% dos adultos da amostra do UBS tendo um patrimônio líquido inferior a US$ 100 mil.
No geral, cerca de 1,6% registraram patrimônio líquido de US$ 1 milhão ou mais, segundo o relatório. Nos próximos cinco anos, o banco suíço projeta que a riqueza média por adulto crescerá ainda mais, liderada pelos Estados Unidos e, em menor escala, pela Grande China.
BRASIL É O PAÍS MAIS DESIGUAL DO MUNDO
Apesar do crescimento no número de milionários e do volume de riqueza a ser transferida, no ranking da desigualdade, medido pelo Índice de Gini, o Brasil é apontado como o país mais desigual entre os 56 analisados. Ao lado da Rússia, com ambos registrando um índice de 0,82, o Brasil apresenta a maior concentração de renda no topo da pirâmide.
O Índice de Gini varia de 0 a 1, onde quanto mais próximo de 1, maior a concentração de renda em um pequeno grupo da população, indicando uma sociedade mais desigual. Para fins de comparação, economias como Alemanha (0,68), Suíça (0,67) e China (0,62) exibem menores níveis de desigualdade, enquanto nações como África do Sul (0,81) e Emirados Árabes Unidos (0,81) se aproximam do patamar brasileiro.
Paul Donovan, economista-chefe do UBS Global Wealth Management, afirma que "a forma como a riqueza é distribuída e transferida moldará as oportunidades, as políticas e o progresso".
Segundo o UBS, o aumento global da riqueza familiar, que cresceu 4,6% em todo o mundo em 2024, e o crescimento do número de "milionários do dia a dia", que quadruplicou desde 2000, são reflexos de um cenário econômico dinâmico, mas que, no caso brasileiro, se soma a uma estrutura de concentração de renda persistente e acentuada.
O Relatório Global de Riqueza fornece dados sobre a riqueza pessoal há 16 anos e se tornou o ponto de referência para aqueles interessados nas tendências que moldam a riqueza em todo o mundo. A edição mais recente analisa 56 mercados, os quais são estimados para representar mais de 92% da riqueza mundial.
RANKING DA DESIGUALDADE
**1 - Brasil**
2 - Rússia
3 - África do Sul
4 - Emirados Árabes Unidos
5 - Arábia Saudita
6 - Suécia
7 - Estados Unidos
8 - Índia
9 - Turquia
10 - México
11 - Cingapura
12 - Alemanha
13 - Suíça
14 - Israel
15 - Holanda
16 - Hong Kong
17 - China
18 - Portugal
19 - Grécia
20 - Taiwan
21 - França
22 - Reino Unido
23 - Coreia do Sul
24 - Polônia
25 - Itália
26 - Espanha
27 - Austrália
28 - Luxemburgo
29 - Japão
30 - Catar
31 - Bélgica

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