Odebrecht tenta obter crédito com bancos para pagar dívida
SÃO PAULO - O grupo Odebrecht corre para contratar uma linha de financiamento com o Itaú Unibanco e o Bradesco até o dia 25, quando expira o prazo para a liquidação de R$ 500 milhões em bônus, que venceram em 26 de abril. O grupo baiano tenta levantar cerca de R$ 2 bilhões, mas a negociação dependeria ainda de acerto com o Banco do Brasil e o BNDES, que resistiriam em abrir mão da prioridade que têm sobre as ações da Braskem, que foram dadas em garantia de outro empréstimo ao grupo.
Caso não consiga chegar a um acordo, será declarado o default, o que abre caminho para que os demais detentores de títulos da empresa peçam a liquidação dos papéis.
Ativos à venda
Do plano de venda de ativos anunciado pela Odebrecht em 2016, que pretendia levantar cerca de R$ 12 bilhões para reequilibrar o caixa do grupo, até agora só levantou R$ 7 bilhões. Deste total, R$ 2,9 bilhões vieram das vendas da Odebrecht Ambiental, e R$ 1,5 bilhão, do controle da concessão da rodovia Rutas de Lima, no Peru. Nesses dois casos, o comprador foi o fundo canadense Brookefield.
Restam na lista de ativos da holding a hidrelétrica peruana de Chagla, já negociada com os chineses da State Grid, por US$ 1,39 bilhão (pouco mais de R$ 5 bilhões), e a concessão do Gasoduto do Sul, ainda em obras, no Peru. Mas ambos os processos estão parados por causa da troca de governo naquele país.
Há ainda a participação de 18% que o grupo tem na Hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia, mas cuja venda também está em suspenso por causa do processo de privatização da Eletrobras.
A SuperVia não está incluída no pacote de desinvestimentos da holding. O grupo tem outros sócios na Odebrecht Transport — o BNDES e FI-FGTS — mas mesmo assim vem se desfazendo desses ativos. Já vendeu as participações que tinha na Via Rio, por R$ 107,7 milhões, e na Linha 4 Amarela, do Metrô de São Paulo, por R$ 171,1 milhões, ambas adquiridas pela CCR.
- A venda de ativos é uma das formas de uma empresa de infraestrutura realocar seus recursos de acordo com a visão de médio e longo prazos. Pois permite que o grupo possa concentrar recursos e esforços nas atividades prioritárias - afirma o advogado Fernando Villela, sócio da área regulatória e de infraestrutura do escritório Siqueira Castro.
ASSUNTOS: dívida, empréstimo, Odebrecht, Economia